Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Acrise financeira internacional não diminuiu a vaidade dosbrasileiros. A constatação é do presidente daAssociação Brasileira da Indústria de HigienePessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João CarlosBasilio. Para ele, o crescimento de 10,4% do setor no ano passado não chega a ser novidade, porque há mais deuma década essas taxas superam os doisdígitos.“Nossa última avaliaçãosinaliza que, em 2008, crescemos 10,4% em relação a2007. Com isso, completamos o nosso décimo-terceiro anoconsecutivo de crescimento acima de dois dígitos”, comemoraBasilio. O faturamento líquido do setor foi de R$21,546 bilhões. “Para se ter uma idéia, entre 1996 e2006, o setor obteve aumento real acumulado de 212,7% em seufaturamento. No mesmo período, o PIB [Produto InternoBruto] brasileiro cresceu 32,6%; e a indústria em geral,33,3%”, informa.Segundo Basilio, o setor tem uma característicaque o diferencia dos demais: não depende de crédito para que o consumidor adquira seus produtos. "Dependemosprincipalmente da renda da população.” Ele destacou que as classes menos favorecidasestão consumindo mais artigos de higiene, perfumaria e cosméticos. "Aumentar a renda deuma pessoa em R$ 10 pode parecer pouco, porque mal dá para umapizza. Mas, para o nosso setor, é um valor considerável, porque significa um poder de compra de atéquatro produtos. Imagina 90 milhões de brasileiros tendo essarenda a mais. Isso representa um incremento de 200 milhões deunidades por mês, ou R$ 2,4 bilhões por ano.”ParaBasilio, a participação crescente da mulher brasileira no mercadode trabalho também ajuda o setor. “Hoje, 33% dos lares sãochefiados por mulheres.”Além disso, o uso de tecnologia deponta e o conseqüente aumento de produtividade fizeram, segundoele, com que os produtos comercializados no Brasil passassem a terótima relação entre qualidade e preço.O mercado masculino também é promissor: “Hádez anos, apenas 10% dos homens brasileiros tinham algum tipo decuidado, a ponto de consumir produtos como protetores e filtrossolares. Esse mercado triplicou de tamanho até os dias atuais,estando em 40%. Isso significa que temos ainda um potencial decrescimento bastante expressivo, porque há 60% de homens compossibilidade de incorporar esses hábitos.”“Háainda o aumento da expectativa de vida do brasileiro. Isso faz comque as pessoas passem mais anos no mercado de trabalho e faz com que queiram manter uma aparência melhor.” Basilio aponta também asexportações como fator que levou o setor a alcançar númerostão positivos.“Dos diversos setores da indústriaquímica, somos o único superavitário na balançacomercial. Atualmente, exportarmos cerca de US$ 650 milhões, oque possibilitou um saldo positivo de US$ 200 milhões nabalança.” Os principais compradores dos produtos brasileirossão a Argentina e o Chile. “Entre 2007 e 2008 nossasexportações cresceram 20,5%”, informa Basilio.Aexpectativa é que o setor continue crescendo, mas talvez numritmo mais lento. “Estamos trabalhando com expectativa decrescimento real em torno de 5%. Vamos continuar contratando einvestindo”, concluiu Basilio.