Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou nesta quinta-feira (12), que a proposta feita pela estatal venezuelana do petróleo PDVSA para a sociedade com vistas à construção da Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, da maneira como foi formulada, inviabiliza a parceria.Os dois pontos de impasse no andamento das negociações envolvem o preço do cobrado pela PDVSA pelo petróleo que seria encaminhado a refinaria e a intenção da compannhia de comercializar no mercado nordestino o derivado processado. “Da forma em que as coisas foram colocadas o negócio fica inviável. Mas uma delegação da Venezuela estará aqui, ainda este mês, e quem sabe a proposta mude e cheguemos a um acordo”, afirmou o diretor. Um dos principais impasses, e que já foi inclusive destacado pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, diz respeito à intenção da PDVSA de comercializar diretamente, no mercado nordestino, sem passar por distribuidoras, os 40% dos derivados a que terá direito no negócio, com o que a Petrobras não concorda, uma vez que a companhia venezuelana teria autonomia na política de preços.“Uma coisa é a PDVSA colocar este produto a preços e em condições iguais para todas as distribuidoras que operam no país, o outro é colocar condições que levem a quebra das muitas pequenas empresas existentes na região”, disse Costa.Para ele, se isso acontecer, o mercado local “vai entrar em parafuso, vão quebrar empresas pequenas e isto nós não queremos”. A outra discordância diz respeito ao preço a ser fixado para o petróleo fornecido pela PDVSA para ser processado na nova refinaria. A proposta da Petrobras é que o preço - tanto do petróleovenezuelano, como do brasileiro que serão refinados na unidade - seja calculado aplicando um deságio sobre o Brent (valor internacional de referência para o produto) por se tratar de um petróleo de menor valorem razão do seu peso.Já os venezuelanos querem que o preço seja fixado de maneiradiferente, embutindo um fator multiplicador que elevaria o valor doproduto. “Nós não podemos efetuar um contrato com duração de 15 anos e que não tenha o Brent como ponto de referência, na medida em que eles querem incluir um fator multiplicador”. Com investimento previsto da ordem de US$ 4 bilhões, a construção da refinaria em sociedade com a PDVSA vem enfrentando diversas dificuldades em relação ao que será acordado entre as partes.Por esta razão, até o momento, embora com o acordo de acionistas e a composição societária já definida, a obra vem sendo bancada inteiramente pela Petrobras.