Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Obarato sai caro”, sugere o ditado popular usado muitas vezes pelos consumidores brasileiros. De acordo com a psicóloga Cecília Russo, daTroiano Consultoria de Marcas, a frase é mais verdadeira para quem temmenos poder aquisitivo e não pode desperdiçar dinheiro.Segundoa pesquisadora de mercado, “um consumidor classe média pode se dar aoluxo de comprar um biscoito murcho, pois facilmente poderá repor.Já uma pessoa da classe D, se o biscoito estiver murcho, só poderácomprar um novo pacote no mês seguinte”, compara, para explicar que oconsumidor que recebe até três salários mínimos, além do preçoacessível, também quer levar para casa um produto de qualidade, de umamarca de confiança.Além de usar a razão e ponderar custo equalidade, o consumidor pobre também age emocionalmente. “Asnecessidades são satisfeitas de maneira diferente, não só por causa darenda”, diz Marcelo Esteves Alves, professor da Universidade de São Paulo (USP).Asescolhas podem ser feitas, por exemplo, para agradar a família. “A mãenão pode levar os filhos a uma lanchonete, mas pode expressar o cuidadocom eles na escolha do sabão em pó”, relata Cecília Russo, citando ocaso da marca campeã em venda e que não tem o menor preço do mercado.“Aspessoas valorizam marcas que gerem confiança e as favoreçam a estar maispróximas dos seus projetos de vida”, diz a psicóloga, ressaltando queos consumidores mais pobres preferem levar produtos de marca autênticaà cópia falsa, “pirata” ou “genérica”. Fora a funcionalidade, os bensde consumo têm valor simbólico. Um produto falso “reafirma o que aqueleconsumidor não pode e afeta a auto-estima”, analisa.MarceloEsteves Alves lembra que não há um comportamentohomogêneo entre os consumidores da mesma classe econômica. “Uma partepode preferir o genérico e outra o autêntico em 10 vezes”, relata, apósaplicar questionário em 1.092 domicílios de quatro bairrospopulares de Diadema, São Bernardo e São Paulo “O genérico é a formaacessível de comprar a carga simbólica [status] que vai além dafuncionalidade”, acrescenta.