Desemprego é ameaça real ao consumo popular, mostram estudos

12/02/2009 - 5h21

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em tempo de desaquecimento da economia, o que mais assusta osestratos sociais emergentes é a ameaça de desemprego e a conseqüenteperda do poder de compra. Para as classes econômicas C e D, amanutenção do emprego é a garantia de que haverá renda parapagar dívidas e de que será possível continuar consumindo,especialmente bens duráveis como aparelho de TV, computador, telefonecelular ou forno de microondas.A avaliação é dos autores dedois estudos sobre o consumo popular - um para medir aaceitação de marcas junto ao público de baixa renda e outro, acadêmico, para estabelecer um perfil das classes de baixa renda. ParaMarcelo Esteves Alves - que recentemente defendeu dissertação demestrado sobre o assunto na Faculdade de Economia, Administração eContabilidade da Universidade de São Paulo - , a crise aflige toda asociedade, mais ainda não afetou diretamente o público de baixa renda,que tem uma percepção voltada para o “imediato” e situações maisconcretas. “Enquanto a classe média já freou o consumo, pois enxerga apossibilidade de piora a médio prazo, as classes mais baixas continuamconsumindo”, compara Marcelo Esteves. “O maior impacto vai se dar quando as demissões alcançarem volumes maiores”, prevê o professor, explicando que o consumidor popular terámaior percepção da crise quando alguém da família ou da vizinhança fordispensado do serviço ou ganhar menos dinheiro com o negócio próprio.“Só vão mudar o seu padrão de consumo no instante em que forem afetados muito proximamente pelas mudanças na condição econômica”, resume.Aavaliação é semelhante à que faz a psicóloga Cecília Russo,sócia-diretora da Troiano Consultoria de Marcas - empresa que no finalde 2008 fez um estudo em parceria com o Ibope sobre consumo popular.“As pessoas, tendo emprego, encaram uma prestação. Elas continuarãoaderindo ao crédito desde que as condições continuem favoráveis em seuentorno. O medo é não poder arcar com a dívida”, analisa.MarceloNéri, da Fundação Getulio Vargas, assinala que três quartos da renda dobrasileiro advêm do trabalho. Segundo o Ministério do Trabalho eEmprego, em dezembro omercado formal de trabalho registrou em todo o país um saldo de 654.946desligamentos (dados do Cadastro Geral de Empregados eDesempregados - Caged).