Catadores terão apoio técnico e capacitação para enfrentar efeitos da crise

12/02/2009 - 17h25

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cercade 10 mil catadores de papel serão capacitados e receberãoapoio técnico por meio de convênio firmado entre aFundação Banco do Brasil (FBB) e o Ministério doTrabalho e Emprego (MTE). Segundo o representante do MovimentoNacional dos Catadores de Material Reciclável, Severino LimaJúnior, a categoria já sofre os efeitos da criseeconômica.“Ela [crise] tem nos afetado de maneiradrástica”, disse Severino. No início de novembro, opapel branco era vendido a R$ 0,50 e hoje há cooperativasvendendo a R$ 0,10. “A queda nos preços foi muito grande,sem contar que o consumo diminui e da mesma forma diminui aquantidade de lixo e de resíduos que chegam às mãosdos catadores”, explicou Severino. O convênio prevê a aplicaçãode R$ 16 milhões em ações de capacitaçãoem 19 estados até o fim deste ano. As cooperativas deverãoelaborar projetos que serão analisados por uma comissãoda FBB. Serão, então, escolhidas 19 organizaçõesregionais de catadores para coordenar as ações em cadaunidade da federação. Os cursos serão de 128 horas-aula eabordarão temas como a organização do trabalho,gestão, logística da coleta seletiva e meio ambiente.Haverá ainda assessoria técnica às cooperativase catadores que mantenham empreendimentos no ramo. Para o presidente da FBB, Jacques Pena, o segmentodos catadores é um dos mais organizados nacionalmente, e oconvênio poderá melhorar a geração derenda desses trabalhadores. “Em cidades médias, os catadoressão responsáveis pela captação de umvolume significativo dos resíduos sólidos produzidos.Só isso já justificaria o convênio.” O secretário nacional de EconomiaSolidária do MTE, Paul Singer, ressaltou que os catadores sãoimportantes para o desenvolvimento sustentável das cidades. “Eles são os mais excluídos, sãopessoas que muitas vezes nem têm casa para morar e vivem dereciclar aquilo que nós jogamos fora. Eles desempenham umafunção ecológica absolutamente estratégica.No mundo inteiro, os recicladores fazem parte da vanguarda da lutacontra a degeneração dos recursos naturais do planeta”,afirmou. Severino espera que outros acordos possam ajudaros catadores também com a compra de equipamentos, como prensase caminhões para o transporte dos resíduos. “A genteestá muito acostumado a ver na mídia recurso públicoque é mal utilizado, mal investido, mas os catadores fazemvaler aqueles recursos que são aplicados dentro dacooperativa. A gente faz esse dinheiro valer, porque é umagrande responsabilidade”, afirmou.Além da capacitação, um dosobjetivos do convênio é promover a mobilizaçãodos catadores. Uma organização do segmento em âmbitonacional ficará responsável pelo desenvolvimento de umprojeto que inclui a realização de uma conferênciapara discutir uma política nacional de resíduos sólidospara o país.