Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Onúmero de pessoas que vivem nas ruas do Rio é superioràs vagas a elas destinadas nas unidades de proteçãoespecial da prefeitura. Conforme pesquisa divulgada hoje (10) pelaSecretaria Municipal de Assistência Social, desde 1º dejaneiro, foram ouvidas 2.282 pessoas nessa situação,número que é superior às 2.254 vagas existentesnos abrigos da cidade. Peloúltimo levantamento oficial, feito no ano passado, havia 1.900pessoas morando nas ruas do município. O secretário deAssistência Social, Fernando William, informou que jáestão sendo providenciados convênios com hotéispara, assim, ampliar o número de leitos – hoje 388 – paraessa população no curto prazo. Williamdisse que um dos principais desafios de sua gestão émelhorar as condições físicas dos 61 abrigos dasecretaria, para facilitar o processo de reintegraçãoda população de rua na sociedade. Outra prioridade éintegrar as políticas sociais e ampliar o diálogo comas demais secretarias da prefeitura.Eledeu como exemplo o convênio assinado anteontem (8) com aSecretaria do Trabalho, propondo que os recursos previstos nodocumento sejam usados agora para melhoria da qualidade do sistema deabrigamento, da assistência à população derua. SegundoWilliam, deve ser baixado ainda nesta semana decreto determinando queas empresas terceirizadas contratadas pela administraçãomunicipal reservem 10% de suas vagas para pessoas que vivem emabrigos ou em estejam em situação de vulnerabilidade.Deacordo com a pesquisa, mais da metade dos moradores de rua écomposta por homens entre 16 e 49 anos. Cerca de 40% são deoutros municípios e vêm catar lixo e materiaisrecicláveis como fonte de renda. O secretário comentoucasos curiosos, como o de um analista de sistemas que, depois deperder a mulher, entrou em depressão profunda e foi morar narua. Também foi viver nas ruas um professor de inglês,soropositivo, que a família expulsou de casa.FernandoWilliam alertou para o aumento “alarmante” nessa populaçãode viciados em crack e de famílias expulsas de casa portraficantes ou milícias. Para solucionar esse problema, osecretário defendeu parcerias com outras secretarias como asde Saúde, Habitação e Segurança.Paraele, a participação da sociedade civil e da iniciativaprivada também importante para diminuir o número depessoas vivendo nas ruas. “Além de doações, épossível investir também em projetos sociais pelo Fundoda Infância e da Adolescência”, explicou William.Segundo ele, a secretaria estuda convênios com empresas queadotariam abrigos e, em troca, receberiam um selo de responsabilidadesocial e outros benefícios. Williamressaltou que tão importante quanto o trabalho de reintegraçãoé a ação preventiva, para que as famíliasem situação de risco não acabem nas ruas. “Nessesentido, é importante uma rede integrada, pois o assistentesocial pode identificar um problema na família relacionado àsaúde ou ao desemprego, à educação, e aíentão é que entra a parceria com as outrassecretarias.”Ele também citou o exemplodo programa Bolsa Família que, em um mês, foi estendidoa mais 21 mil famílias na cidade do Rio de Janeiro.Atualmente, cerca 158 mil famílias são atendidas peloBolsa Família no município.