Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A queda do número de pessoas ocupadas na indústria reflete a diminuição da produção verificada desde outubro e já é um reflexo da crise econômica internacional. A análise é do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) que distribuiu nota sobre os números divulgados hoje (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego eSalário. De acordo com o IBGE, houve recuo de 1,8% no nível de emprego em dezembro quando comparado a novembro do mesmo ano.“O emprego reage de forma defasada em relação à produção, mas já saiuda ante-sala”, afirmou Rogério César Souza, economista do Iedi.Emsua avaliação, a crise afeta os setores que dependem de crédito(máquinas e equipamentos); os ramos de atividades dependentes doconsumo financiado (bens duráveis, veículos, produtos eletrônicosetc.); as indústrias exportadoras (que terãomenos demanda do exterior); e aquelas áreas que já sofriam antes dacrise com a apreciação do real (artigos de couro e madeira) ou com aconcorrência, especialmente a chinesa (têxteis, calçados). Para oeconomista, a China tende a exportar mais para o Brasil, tendo em vistaa recessão na Europa e nos Estados Unidos.Para ele, o governo adotou “medidas importantes” como oanúncio de mais financiamento pelo Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) e o aumento do orçamento de investimentos daPetrobras. “É fundamental o governo aumentar o investimento públicopara estimular o investimento privado”, opinou.O economista doIedi acredita que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) podefuncionar como “política anticíclica”, mas, segundo ele, é importante que osinvestimentos sejam feitos de forma mais ágil e eficiente. Souza defendeu ainda que o governo priorize o setor habitacionalque mobiliza grande cadeia produtiva e gera muitos empregos.Parao economista, é necessário que os juros se tornem “mais condizentes coma realidade”. Ele cobra ainda a redução dos custos de capital eespera que até o fim do ano a taxa básica de juros (Selic) venha a ser reduzida aum dígito.