Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Joe Yoshino,da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidadeda USP, não compartilha do otimismo de empresários etrabalhadores do setor de finanças. Para o professor eespecialista em mercado financeiro a crise “tá chegando”aos bancos no Brasil, que até aqui “tiveram sorte”, masserá sentida em “uma questão de tempo”.Na opinião de Yoshiro, começa ocorrer um processo semelhante aoverificado na crise do sistema financeiro nos anos 80 e 90, quando osbancos como Comind, Nacional e Bamerindus foram fechados. “Háum empossamento de liquidez”, afirmou. Mudanças napolítica monetária, como afrouxamento do depósitocompulsório, viabiliza maiordisponibilidade de dinheiro para os bancos emprestarem, mas como háa avaliação deinadimplência, os bancos repassam os riscos na diferençados custo de obtenção e de empréstimo dedinheiro“O dinheiro entre no sistema, mas não chegana outra ponta”, explica ao destacar a dificuldade de se obtercrédito, como já ocorre, por exemplo, no setro industrial.Para os industriais o tempo está ficandocada vez mais fechado e vai atingir quem ainda não “apanhou”,inclusive o sistema financeiro que “aguarda na fila”. Essa éa análise de Paulo Francini, diretor do Departamento dePesquisas e Estudos Econômicos da Federação dasIndústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).“Acrise vai se espalhando no tecido econômico e há umasequência de setores que serão ofendidos”, explicadizendo que a crise “não chega igual e ao mesmo tempo”para todos. “O setor financeiro não está no começoda fila, o que não significa que eles estarão isentosdos sintomas da crise. Eles haverão também sesenti-la”, antevê o diretor da Fiesp.