Centraf e Febraban não temem desemprego no setor bancário por causa da crise

07/02/2009 - 8h16

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As instituiçõesque integram o sistema financeiro nacional não sentiram, atéagora, os efeitos da crise mundial em seu quadro de trabalhadores. AConfederação Nacional dos Trabalhadores do RamoFinanceiro da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT) ea Federação Brasileira de Bancos (Febraban) avaliam quea crise internacional não vai atingir o sistema financeironacional. Para as duas entidadesnão há no horizonte cenário de demissõesem massa como já ocorrem em outros subsetores de serviço,na indústria, construção civil e agropecuária.Na opinião de Carlos Alberto Cordeiro da Silva,secretário-geral da Contraf, “o sistema financeiro nãoestá tendo problemas a ponto de ter de fechar agências”. Segundo ele, a solidez dos bancos está nas fontes de lucro“garantidas”: juros obtidos na compra de títulos públicos,seguros e tarifas bancárias. Para o lídersindical, a maior ameaça aos trabalhadores bancáriosestá no processo de fusão das instituições- que já estavam ocorrendo antes do processo da crise, dizreferindo-se à incorporação do Banco Real (ABNAmro Bank) pelo Santander, às aquisições doBanco do Brasil e da fusão Itaú-Unibanco.Cordeiro admite, noentanto, que a crise deverá acentuar esse processo deconcentração por meio de novas fusões. “Nãoestou vendo dificuldades para o sistema financeiro, mas oportunidadespara fusões”, afirmou. Na avaliação dosindicalista, “na maioria das vezes, o sistema financeiro sai muitobem das crises”.Para o professor JoeYoshino, da Faculdade de Economia, Administração eContabilidade da Universidade de São Paulo, a concentraçãobancária “é ruim” porque, além de provocar adiminuição na oferta de postos de trabalho, mina acompetitividade. “Se tivesse competição nãoteríamos o spread cavalar e o juro real que o Brasilpratica”, disse.O prováveldesemprego bancário por causa das fusões deveráatingir especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, onde estãoas sedes dos bancos. Nas duas capitais, os setores duplicados dasadministrações centrais das instituiçõesfinanceiras em fusão (como, por exemplo, as áreas decâmbio ou contabilidade) serão enxugados. O processo, no entanto,não deverá chegar às agências bancárias,acredita Carlos Alberto Cordeiro da Silva. Segundo ele, em reuniãona tarde desta sexta-feira (6), as presidências do Itaúe do Unibanco descartaram o fechamento de agências.O superintendente deRelações do Trabalho da Febraban, Magnus RibasApostólico, explica que o sistema bancário se organizade forma pulverizada e precisa manter muitas agências emfuncionamento para atender o públicos em diversos lugares.Para o superintendente,o sistema financeiro atua com “normalidade” e “o Brasil tem umatranqüilidade diferenciada”. Segundo Ribas, não hásinal de que os bancos farão demissões por causa dacrise. “Garantidas as linhas de crédito normais, o sistemanão será afetado de maneira significativa no númerode empregos”, disse.O superintendente daFebraban, disse que o sistema financeiro opera com uma rotatividadeanual de 7 a 8% diluída nos doze meses. Na sua avaliação,2008 foi um ano “regular”. Segundo o Ministériodo Trabalho e Emprego (dados do Cadastro Geral de Empregados eDesempregados, o Caged), no ano passado, as instituiçõesfinanceiras tiveram um saldo positivo de admissões de 22 miltrabalhadores. A variação das contrataçõesnos bancos (3,87%) ficou acima da indústria de transformação(2,55%).