Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A criseeconômica internacional começou a causar impacto naoferta de emprego em diversos ramos de atividade no Brasil. Na avaliaçãode economistas, a freada no crescimento será mais sentida nospróximos meses. Agricultura, indústria e serviços,que já percebem os efeitos globais da desaceleração,terão motivos diferentes para continuar demitindo.Segundoo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), aagropecuária brasileira tem um saldo negativo de mais de 134mil postos de trabalho formais entre as admissões edesligamentos ocorridas em dezembro de 2008. O setor tem a piorvariação entre as diversas atividades econômicasacompanhadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego -7,92%.As razões para os desligamentos guardam relaçãocom a queda das exportações, a diminuiçãode demanda e do preço de produtos primários, como carne e commodities, no mercado internacional. Segundo o professor deeconomia Manuel Enriquez Garcia, vice-presidente do Conselho Regionalde Economia de São Paulo, esses fatores reduziram a áreade plantio e a compra de maquinário e favoreceram as dispensasobservadas no Caged.A redução das exportações que aflige o campo afeta também a indústria detransformação, que desligou mais de 273 miltrabalhadores contratados (41% dos desligamentos ocorridos ao fim de2008). Além do mercado internacional em contração,o crédito escasso e caro diminui o consumo de bens duráveis,dificulta a tomada de empréstimo para girar capital e investirem mais produção.Para Garcia, “o ajuste deemprego às fortes quedas na produção industrialdependerá do comportamento futuro da demanda e tudo indica queesse ajuste deverá começar a ser observado a partir defevereiro de 2009”. O economista preocupa-se, por exemplo,com a cadeia produtiva da indústria automobilística.Segundo ele, as montadoras conseguiram ajustar estoque com adiminuição da produção (devido àsférias coletivas) e ao “repique” de consumo ocorrido emjaneiro (por causa da diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI). “Osmaiores problemas, no entanto, não serão sentidos nasmontadoras, mas em todas aquelas empresas fornecedoras de componentesde automóvel”, projeta, avaliando que a crise está nocomeço. “Em março e abril, teremos as pioresnotícias”, alerta.Na avaliação dodiretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, todosos anos, a partir de dezembro, ocorre desemprego sazonal na indústria,e nos dois primeiros meses o processo se acentua no comérciocom o encerramento dos contratos temporários. Em suaavaliação, a taxa geral de desemprego neste ano poderáser mais de 1% acima do verificado em outros períodos e seestender até abril.Além da sazonalidadedo período, “há um ajuste da expectativa decrescimento para o ano, combinado com o travamento que ocorreu noúltimo trimestre de 2008”, admite o diretor do Dieese.