Protesto antecede audiência sobre mortandade de peixes na Lagoa de Araruama

27/01/2009 - 19h30

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cercade 500 pessoas participaram hoje (20) de uma manifestaçãona RJ-106, principal via de acesso à Região dos Lagos.Com caixões, moradores de cinco municípios da regiãobloquearam um trecho da pista e chamaram atenção paramortandade de peixes na Lagoa de Araruama, que, segundo associaçõesde pescadores, chegou hoje a 400 toneladas.O protesto ocorreu na altura do municípiode São Pedro da Aldeia e marcou o início de umaaudiência pública promovida pelo governo estadual, pormeio do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea), para apurar ascausas do problema. Participam da reunião os pescadores erepresentantes da Prolagos, concessionária do sistema de águae esgoto da região, acusada de jogar esgoto sem tratamento nalagoa.Por volta das 18h, os manifestantes desbloquearama RJ-106 – a Via Lagos – e seguiram para a Câmara deVereadores de São Pedro, onde é realizada a audiência.Segundo a Colônia de Pescadores da SãoPedro, que participa da reunião, até o final da semana,a quantidade peixes mortos deve chegar a 700 toneladas. Para opresidente da associação, Haroldo Pinheiro, amortandade foi causada pela abertura das comportas da Prolagos,despejando esgoto in natura. “A Prolagos encheu de esgoto a nossalagoa”, afirmou o presidente da colônia. “Isso aqui [amanifestação] representa não só amorte dos peixes, mas também a dos pescadores e de todos oscinco municípios banhados por ela.”A mortandade de peixes foi notada na últimasemana. No sábado (24), revoltou os pescadores, que recolheramcerca de 70 toneladas entre sardinhas, carapebas e tainhas e jogaramdez toneladas na sede da Prolagos. A empresa rebateu que não tem culpa noincidente. O diretor comercial, Pedro Alves, disse que sãovárias as causas do problema, entre elas, o excesso de chuvasno mês, que aumentou a quantidade de detritos despejados nalagoa. “Podemos afirmar com bastante tranqüilidadeque não é a Prolagos a responsável por isso,mas, sim, a grande quantidade de chuvas, com todo material orgânicoque foi levado por elas, inclusive, esgoto, que nessa relação,talvez, seja a menor proporção”, afirmou. “Ali [SãoPedro] tem muita lama, a região tem fazenda, tudo issocontribui.” Para resolver o problema, a expectativa éque o governo use uma draga para desassorear o canal de Itajuru,entre o mar e a lagoa, permitindo a renovação dooxigênio no local. O trabalho deve começar amanhã(28). Os detritos despejados na lagoa fizeram proliferar grandequantidade de algas, que competem com os peixes por oxigênio.