Observador nega fraude em referendo boliviano e acusa oposição de manipulação

26/01/2009 - 12h59

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opresidente do Parlamento do Mercosul, deputado Doutor Rosinha(PT-PR), negou hoje (26) que haja indícios defraude no referendo sobre a nova Constituição naBolívia, conforme denunciam oposicionistas daquele país. Ementrevista à Agência Brasil, Rosinha referiu-se à oposição boliviana como“manipuladora” e “nociva” para a democracia e para aconsolidação do processo de transformaçãoem curso no país vizinho. “Oreconhecimento da vitória do Sim não é sódo governo. Toda a oposição já tem reconhecido.” “Eles manipulam ao comparar o atual referendo daConstituição com o referendo revogatório[realizado em agosto de 2007, quando o presidente Evo Moralesvenceu com 67% dos votos] como se fosse a mesma coisa. Sãocoisas completamente distintas. É uma oposiçãocriminosa, pelo tipo de comportamento que tem e pela maneira comomanipula a informação”, disse o parlamentarbrasileiro.

Outro argumento usado pela oposiçãona tentativa de invalidar o resultado do referendo é queo Sim deveria prevalecer em todos os nove departamentos bolivianos, enão apenas em alguns, como apontam os dados de boca-de-urna.Para Rosinha, tal estratégia representa apenas mais um sinalde manipulação dos líderes oposicionistas.

“Vou fazer uma comparaçãocom o Brasil: o Lula venceu duas eleições, mas houveestados onde ele perdeu. No entanto, o Estado brasileiro reconheceu oresultado eleitoral. Não é por isso que nossospresidentes são presidentes de um estado, mas não deoutros. Não tem que obter o sim em todos os locais.”

O deputado brasileiro lembrou que,caso o resultado oficial – a ser divulgado pela Corte NacionalEleitoral da Bolívia no próximo dia 10 – seja mesmo avitória do Sim, a oposição não terácomo negar a nova Constituição, mas apenas investir emnovas disputas políticas para a regulamentaçãoda Carta.

“É uma oposiçãodesrespeitosa ao processo democrático. Ela negociou mudançasna Constituição para poder ir ao referendo. Senegociou, as mudanças foram feitas e o referendo ocorreu, oque cabe à oposição é reconhecer oresultado. A disputa vai permanecer, porque o que quer a oposiçãoboliviana não é democracia, é golpe. Se o Simganhar, em dezembro tem eleições para presidente, e aoposição poderá ver qual a sua força.”

De acordo com Rosinha, as únicasirregularidades registradas pelos 350 observadores internacionais queacompanharam ontem (25) o referendo na Bolívia forampropaganda de boca-de-urna, pessoas transitando em locais proibidos eeleitores que enfrentaram dificuldades no momento de votar – o que,segundo ele, não anula o processo democrático no país.