Luana Lourenço
Enviada Especial
Belém - Se o Fórum Social Mundial (FSM) pretende ser um espaço de diversidadede idéias, o Acampamento da Juventude, instalado para receber osparticipantes, é o espaço onde essa mistura é mais visível. Montadono campus da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), o espaço jáabriga mais de cinco mil pessoas e deve receber mais 15 mil durante o encontro, que acontece entre os dias 27 de janeiro (amanhã) e 1° de fevereiro (domingo), em Belém. Asbarracas, montadas em meio à vegetação nativa da Amazônia, já abrigamestudantes, representantes de movimentos sociais e de organizações sindicais, artistas ecidadãos do mundo. O músico Simba Amlak, da Guiana, é um deles, e estáno acampamento para participar pela segunda vez de um FSM no Brasil. Alémde participar das atividades oficiais, Amlak disse que aproveita a viagemcom oportunidade de intercâmbio cultural, inclusive para aperfeiçoar oportuguês, que aprendeu a falar durante a estadia em Porto Alegre. “Oobjetivo de estar aqui é a troca de informações. Para mim, o fórum é umgrande espetáculo de intercâmbio, onde eu posso aprender mais, é muitoconstrutivo”, disse. Paulistano de Campinas, o carteiro Gemerson Brástambém vai aproveitar o acampamento para conhecer participantes deoutros países. Na lista de novas amizades, já conheceu moradores dosEstados Unidos, Canadá e Chile. “Estamos em torno de um mesmo objetivoe isso passa por aqui, pela troca de experiências. A gente veio parainteragir”, disse.A infraestrutura do acampamento, ou a falta dela,não parece incomodar os que escolheram o local. Além do espaço paramontagem das barracas, a organização do acampamento providencioubanheiros químicos e um espaço para banho com chuveiros “com vista paraa floresta”, como definiu uma participante.“Se ficássemos em um hotel seria diferente, não teríamosoportunidade de conhecer tantas pessoas”, argumentou o estudante desociologia Guillaume Charbonneau, que saiu das temperaturas abaixo dezero no Canadá para o calor de mais de 30 graus de Belém, com mais de 80colegas. “Aqui [no acampamento], é o melhor lugar para conhecer overdadeiro ambiente do fórum”, acrescentou o estudante.Maisacostumado com o calor, o estudante baiano Vandílson Alves enfrentouum maratona de mais de dois dias de viagem, com caronas e ônibusconvencionais, para chegar ao fórum e disse que o esforço valeu a pena.“A gente está aqui para lutar por algo em que acreditamos. Estamos aquinem que seja para fazer o princípio, o começo da mudança. É a nonaedição, mas as sementes estão sendo lançadas sempre”. Em meio amalas e colchões, ainda à procura de um espaço vazio para se instalar noacampamento, um grupo de 40 estudantes de Uberlândia também está interessado nas discussões políticas da reunião.Pela terceira vez em um Fórum Social Mundial, o estudante de direitoJúlio César Souza, líder do grupo, acredita que a reunião tem que darrespostas mais práticas aos desafios do “esgotamento” do atual modelode economia. “Tem que haver o estabelecimento de ações práticas para osmovimentos sociais e governos de esquerda pautem alternativas ao modelohegemônico”, disse. Parte das tendas temáticas que irão concentrar asdiscussões do FSM estão instaladas no campus da Ufra, próximas aoacampamento. De acordo com a organização, ônibus levarão osparticipantes para a Universidade Federal do Pará (UFPA), que tambémintegra o território do Fórum.