Para economista, governo age com atraso perante a crise

25/01/2009 - 10h05

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - "O governo passa a impressão de que tem agido com um passoatrás, com certo atraso para conter a crise”, avalia o economista José LuísOureiro, professor da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Conselho deDesenvolvimento Econômica e Social (CDES), órgão consultivo da Presidência daRepública."O governo tem agido como se estivesse reagindo aosacontecimentos. Talvez porque existia antes uma idéia de que a economiabrasileira estivesse blindada em relação aos efeitos da crise, ou talvez porqueo governo não consiga se livrar da maldita herança ideológica do governoanterior. Trata-se de um política ortodoxa e conservadora”, destacou.Oureiro citou a demora em adotar uma política maisexpansionista em relação ao crédito. “Há dois meses, havia gente aindadefendendo aumento de juros”, criticou, ao defender que já havia em outubro enovembro um cenário com inflação baixa e com vistas a uma baixa produção.“O governo fica com medo de fazer uma política fiscalexpansionista e aumentar a dívida pública. Mas a dívida pública diminuiu. Ogoverno tem hoje mais espaço para agir e fazer uma política anticíclica”,sugeriu.Oureiro defendeu que o governo use os bancos públicos paraforçar uma política de expansão do crédito. Ele acredita que o governo deverepetir o aporte de recursos feito ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES), só que junto ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal. “Éo momento de usar os bancos públicos como instrumentos de política de crédito”,destacou. Mesmo com atraso, o professor reconhece que houve umamudança no discurso do governo, a partir do fim do ano passado, com o agravamentoda crise e seus efeitos na economia brasileira. “Até outubro, o governo aindadizia que era uma ‘marolinha’. Até que veio a forte desvalorização do realfrente ao dólar”, disse.