Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) deveria reduzir a taxa básica dejuros (Selic) em, pelo menos, 0,75 ponto percentual, na próxima quarta-feira(21), de acordo com a economista Maristella Ansanelli, do Banco Fibra.Isso porque, segundo ela, “a crise internacional não dá sinais dearrefecimento e a desaceleração da atividade econômica doméstica fica cada vez mais evidente”.Alémdisso, seu colega Flávio Mendes acresenta que “o risco de inflação sereduz a cada dia, abrindo espaço para um ciclo de flexibilização dapolítica monetária maior e mais acelerado”. O cenário econômicoestaria, portanto, favorável a uma redução gradativa da taxa. queremunera os títulos públicos depositados no Sistema Especial deLiquidação e Custódia (Selic) e serve de parâmetro para os jurosbancários.Maristella afirmou que os dados mais recentes daatividade econômica “apontam para uma desaceleração muito maisacentuada” do que era esperado, e o pior, “sem perspectiva de retomada[do crescimento econômico] no curto prazo”. Ao contrário, ela disse que aspesquisas de confiança e de intenção do empresariado sinalizam paramais desemprego nos próximos meses, com tendência a reforçar oenfraquecimento da economia.Esse quadro “é relevante para atomada de decisão de política monetária”, segundo Flávio Mendes. Razãoporque acredita que o Copom “deve dar início à redução da taxa básicade juros em um ritmo mais acelerado”. Até porque, os custos do créditobancário já começaram a cair, de acordo com levantamento da AssociaçãoNacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade(Anefac).Isso, depois de 2008 ter sidoum dos períodos mais difíceis para os tomadores de empréstimo bancário,pois, com o repique da inflação, no primeiro trimestre de 2008, o Copomretomou o processo de elevação da Selic a partir de abril,elevando-a de 11,25% ao ano para os atuais 13,75% ao longo do ano.Simultaneamente, os bancos também elevaram seus custos, na cola de umspread (diferença entre juros cobrados na captação e no empréstimo) queultrapassou 30% em média, no mês de novembro. O mais alto da série histórica, iniciada em 1994.Conforme pesquisa da Fundação Procon, de São Paulo, com dez instituiçõesbancárias, os juros do crédito pessoal subiram nada menos que 16,6% noano passado. Passaram de uma taxa média de 5,36% ao mês, em janeiro, para 6,25% em dezembro.Isso deu uma taxa média anual de 5,72% contra 5,32% no ano anterior. Amaior taxa média, de 6,55%, foi praticada pelo Unibanco, e a menortaxa, de 4,49%, foi da Caixa Econômica Federal. No caso do cheque especial, a taxa média em janeiro foi de 8,21% ao mês e evoluiu 13,64% ao longo do ano, de modo a chegar em dezembro cobrando9,33%, o que deu média anual de 8,73% contra 8,24% em 2007. A maiortaxa, de 11,34% ao mês, foi cobrada pelo Banco Safra, e a menor taxamédia, de 7,59%, foi da Caixa.Entretanto, com a decisãogovernamental de os bancos oficiais baixarem as taxas de juros parafacilitar o crédito ao consumidor, a partir de dezembro,o sistema bancário aos poucos acompanha a política de barateamento dopreço dos empréstimos. Afinal, Caixa e Banco do Brasil estão praticandotaxas de juros atrativas, entre 0,88% e 3,82% ao mês, para quem quiserfinanciar despesas típicas de início de ano, como pagamentos deimpostos e material escolar, sem comprometer o orçamento familiar.