Custo elevado de indenizações impede comércio varejista do Rio de demitir pessoal

16/01/2009 - 14h28

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O comércio varejista do Rio de Janeiro está sendo cauteloso nas ações empreendidas em relação à dispensa no seu quadro de pessoal, mesmo com a crise financeira internacional. Esse comportamento pode ser explicado pelo alto custo das indenizações a serem pagas com demissões, segundo disse hoje (16) à Agência Brasil o presidente do conselho empresarial de varejo da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Daniel Plá.“A empresa leva quase seis meses para recuperar o custo de mandar alguém embora”, disse. Por isso, ele acredita que ainda existe esperança de que a crise não atinja muito fortemente o Brasil.Daniel Plá afirmou, porém, que  muitas empresas já estão fechando lojas na capital fluminense. “Só em Ipanema, você tem quarteirões com quatro lojas fechadas. São negócios que não estão funcionando. Você já começa a sentir os efeitos da crise no próprio ambiente urbano”. O impacto pode ser medido também pelo valor das novas locações, indicou.Para driblar a crise, o comerciante capitalizado, que representa um terço do comércio carioca, está procurando alternativas, oferecendo novos produtos e serviços para atrair clientes. Os dois terços restantes dos comerciantes estão endividados e preferem reduzir o número de produtos em oferta. Ou seja, em vez de disponibilizar, como ocorria antes da crise, dez ou 20 diferentes tipos de molho de tomate, por exemplo, “hoje não passa de  meia dúzia”, afirmou Daniel Plá.O empresário acrescentou que, além de estar  muito caro, o crédito está difícil de  se conseguir. “É uma crise financeira, de crédito escasso, que já está atingindo também o consumidor”, disse. Ele destacou, ainda, no caso do varejo, a questão do consciente coletivo, que faz com que as famílias reduzam os gastos de produtos supérfluos, com medo de perder emprego ou de enfrentar problemas  mais adiante.Para manter os empregos diante da crise, as férias coletivas acabam sendo, em um primeiro momento, a medida mais adotada pelas empresas que não têm certeza do que vai acontecer nos próximos meses na economia. Segundo apontou Plá, a crise é difícil e não atinge todas as empresas da mesma forma. “E, certamente, vai ter gente que vai ganhar com a crise”, apostou.