Embaixador brasileiro é chamado pela chancelaria italiana a explicar refúgio dado a Cesare Battisti

14/01/2009 - 19h43

Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oembaixador do Brasil na Itália, Adhemar Bahadian, foi convidado hoje(14) pela chancelaria italiana para prestar esclarecimentos sobre a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de conceder refúgio ao escritor italiano Cesare Battisti,de 52 anos, condenado à prisão perpétua por quatro homicídios cometidosentre 1977 e 1979.Deacordo com o Ministério das Relações Exteriores, o diplomata encaminhouao Itamaraty as ponderações feitas pelo governo italiano em relação aocaso – informações que serão repassadas ao Ministério da Justiça. OItamaraty não informou qual foi o posicionamento da Itália. Fontes doPalácio do Planalto avaliam que o convite, apesar de ter um certo peso político, não deve afetar as relações diplomáticas entre os dois países.Antesde chamar o embaixador brasileiro, o governo italiano já haviadivulgado comunicado em que pede ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para rever adecisão. Nenhum documento chegou à chancelaria brasileira até omomento, de acordo com o Itamaraty.Em São Paulo, oministro da Justiça, Tarso Genro, disse hoje (14) que concedeu o refúgio a Battisti com base em razões jurídicas e não por motivospolíticos. "Estudei a fundo o processo e tomei uma decisão baseada emrazões jurídicas, não políticas, como convém a um Estado de Direito",ressaltou, em entrevista. Para Tarso,Battisti não teve "o amplo direito à defesa" na Itália. "O Estado nãopode julgar com preconceito, ele é um preso político, apesar das outrasacusações", afirmou. O ministro acrescentou que ainda cabe recurso judicial dadecisão.Cesare Battistifoi condenado à prisão perpétua por duas sentenças, com processo deextradição passiva executória. A Itália alega que o escritor éresponsável por quatro homicídios entre 1977 e 1979, quando eraintegrante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo.O grupo, ligadoàs Brigadas Vermelhas (organização guerrilheira comunista italiana), é apontado como autor do assassinato doprimeiro-ministro Aldo Moro (líder democrata-cristão), que morreu depois de ser seqüestrado em 1978. Na década de 90, a Justiçaitaliana condenou o escritor à prisão perpétua. O governo da França, país ndeestava asilado, negou o pedido de extradição, mas Battisti fugiu. Ele foi preso pela Polícia Federal, em março de 2007, no Rio de Janeiro, e depois transferido para Brasília, onde se encontra detido.