Kátia Buzar
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Vintee sete universidades públicas selecionadas pelo Ministérioda Educação (MEC) vão organizar cursos eproduzir material didático-pedagógico este ano sobre atemática étnico-racial. A formação deprofessores na área é prevista na Lei 10.639/03, queobriga o ensino da cultura e história afro-brasileira nasescolas públicas e particulares de nível fundamental emédio. Atécnica em Assuntos Educacionais da Secretaria de EducaçãoContinuada, Alfabetização e Diversidade (Secad),Bárbara Rosa disse que o novo edital trouxe uma novidade.“Agora cada universidade vai formatar o curso de acordo com arealidade na qual está inserida. Por exemplo, em Minas Geraisquatro universidades irão promover cursos. Minas é umestado muito grande e abrange regiões diferentes, contextosdiferentes e essas características serãoconsideradas.”Segundo Bárbara, o MEC vai lançaraté março um plano com algumas diretrizes para acelerara implementação da Lei 10.639. Ela destaca aimportância da formação do professor para que oensino da cultura e história afro-brasileira seja realidade.“Oministério produz o material didático, mas nãopode impor o uso de determinado livro, isso é uma decisãodo professor e da sua coordenação. Por isso éque o MEC, além de produzir material didático-pedagógico,vem há algum tempo investindo também no materialhumano, na formação dos professores. Mas tem que haverações paralelas que envolvam todo colegiado”,acrescentou Bárbara.Representantedo Movimento Negro Unificado (MNU), Jacira Silva acredita que só aeducação pode transformar a sociedade e reduzir adiscriminação contra a população negra.“Acho muito importante que as universidades estejam envolvidasnesse processo, já está mais do que na hora de estudara África com a mesma importância que outros povos. Épreciso ensinar a participação positiva do negro naconstrução do nosso país. A educaçãoinclusiva é uma questão de direitos humanos, o negroprecisa ser tratado de forma igualitária”.Parao estudante de uma escola pública do Distrito Federal CássioXavier, de 12 anos, o negro só é lembrado em 20 denovembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, emhomenagem ao principal ícone da luta contra a escravidãono país, Zumbi dos Palmares.“Lá [na escola] pode se falar até da viagem do homemà Lua, mas não se fala de Zumbi. Salvo algunsprofessores, como o de geografia, que teve a iniciativa de levar umfilme sobre o apartheid".