Tratamento preventivo proporciona vida quase normal a hemofílicos*

06/01/2009 - 19h05

Sandra Amaral
Repórter da TV Brasil
Brasília - O hemofílico que aplica a medicação antes de ter uma hemorragia tem uma vida praticamente normal. Ele fica protegido por 24 horas e caso sofra uma lesão o sangue coagula rapidamente. É o caso do professor de educação física Thiago Félix, de 21 anos. Ele faz o tratamento preventivo, e hoje luta kung fu. "Posso fazer quase tudo, é só aplicar o medicamento antes de me submeter a uma situação de risco", afirmou.No Brasil, pessoas hemofílicas como Thiago são uma raridade. Apenas, o Distrito Federal oferece essa forma de tratamento. No restante do país, a terapia é de emergência, ou seja, o paciente só usa a medicação quando já está sangrando.O portador da doença não tem no corpo uma proteína que estanca a hemorragia. A hemofilia atinge praticamente os homens que herdam a doença dos pais. Os constantes sangramentos provocam artroses que podem levar a amputação de braços e pernas. O analista de informática, Bruno Gonçalves, de 22 anos, faz o tratamento de emergência, tem cinco artroses e está perdendo o movimento do braço esquerdo. Segundo ele, os problemas físicos são constantes. "Convivo com dores o tempo inteiro. Para dirigir, só uso carro automático e com direção hidráulica", disse.Segundo a médica hematologista da rede pública de saúde do Distrito Federal, Jussara Almeida, se o Brasil utilizasse a prevenção o país economizaria, em relação ao tratamento de emergência, porque evitaria gastos com internações, próteses e aposentadorias. "Hoje um paciente de emergência custa ao governo R$ 230 mils por ano, quem faz a prevenção não gasta mais que R$ 80 mil", informou.Mas o governo diz que a prevenção não é possível por causa do medicamento. Ele é importado, e por ser feito de plasma humano, depende de doações de sangue e nem sempre está disponível no mercado.Jussara Almeida disse ainda que existe um medicamento alternativo que substitui o plasma no tratamento do hemofílico. "Há um outro medicamento feito em laboratório que copia a estrutura do sangue e a reproduz sem precisar do plasma e por isso é sempre comercializado. É mais caro. Mas a médio prazo sai mais barato para o governo e o paciente tem mais qualidade de vida", disse.O Ministério Público entrou com uma ação no Tribunal de Contas da União, TCU, para que o Ministério da Saúde utilize o medicamento produzido em laboratório e troque o tratamento de emergência pela prevenção.A assessoria do Ministério da Saúde diz que o medicamento utilizado no tratamento dos hemofílicos é importado por ser feito de plasma humano. Mas nem sempre o plasma está disponível no mercado. Assim, o tratamento feito no Brasil é de emergência e não profilático.