Embaixador de Israel no Brasil acusa Hamas de usar escudos humanos na Faixa de Gaza

06/01/2009 - 18h15

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O grande número de civis mortos na ofensiva israelense sobre aFaixa de Gaza se deve ao fato de que os líderes do Hamas usama população palestina como escudos humanos, disse hoje (6) o embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher, à Agência Brasil. Segundo ele, os ataques das forças militares de Israel não são contra os palestinos, mas sim contra os “terroristas do Hamas”. “Nossosataques militares na Faixa de Gaza são contra os terroristasdo Hamas. Lamentavelmente, muitos terroristas do Hamas e seus líderesestão buscando refúgio entre a populaçãopalestina civil.Eles usam civis palestinos como escudos humanos. Por isso, temosmuitos civis palestinos mortos. Queremos dar fim a estaguerra, pacificar a região e voltar de novo a viverem paz com nossos vizinhos, os palestinos”, disse o embaixador. No 11º dia de bombardeio na Faixa de Gaza, o número de mortos já passa dos 630, a maioria civis palestinos.“Uma maneira de perceber que não somos contra o povopalestino é observar que, a cada dia, a ajuda humanitáriavai de Israel para os palestinos da Faixa de Gaza. Queremos ajudar opovo palestino, que sofre do mal da organizaçãoterrorista Hamas”, comentou o embaixador. GioraBecher minimizou as declarações do assessor Especial daPresidência da República para Assuntos Internacionais,Marco Aurélio Garcia, que caracterizou a açãomilitar sobre Gaza como uma forma de “terrorismo de Estado”. “Nãoé posição oficial do Brasil definir a naçãoisraelense como terrorista de estado. Não sei quemdefiniu esta situação como terrorismo de Estado. Digoque não é, de nenhuma maneira, terrorismo. O únicoterrorismo que existe em nossa região é o terrorismo doHamas, que ataca civis israelenses”, reagiu.“É importante esclarecer que a luta contra o terrorismo nãoé uma guerra contra o povo palestino. Éuma guerra contra os terroristas do Hamas, umaorganização terrorista que não reconhece odireito de Israel existir no Oriente Médio e quer expulsartodos os israelense de nosso país. Essa organizaçãoterrorista, o Hamas, decidiu atacar os cidadãos israelenses em seupaís. Um milhão de israelenses foram atacados na medidaem que não podiam viver pacificamente, ir às escolas ,às compras, nada. O governo de Israel não teve outraalternativa a não ser lutar contra os terroristas do Hamas”, disse.Oembaixador também reagiu às críticas feitas aIsrael por adotar uma ação militar desproporcional aosataques do Hamas, que lançou foguetes deGaza contra a população do sul de Israel. “Nãoentendo que é uma ofensiva desproporcional. O que é serproporcional, quando meio milhão de israelenses estãodebaixo de ataques diários de foguetes do Hamas? O que ogoverno de Israel deveria fazer? Lançar foguetes contra oscentros da população palestina, causando milhares demortos?, questionou. “A reação israelense foi tomadadepois de muita reflexão do governo e creio que éproporcional à situação que tínhamosdepois que os terroristas do Hamas romperam o cessar-fogo."De acordocom o embaixador, uma trégua na região só serápossível se houver garantia internacional de cessar-fogo permanente. Esse cessar-fogo, na opinião de GioraBecher, passa, por exemplo, pela garantia que países como osEstados Unidos e outros da Europa Ocidental não tolerem que oHamas volte a ser alimentado com armamentos e foguetes vindos depaíses do Oriente Médio, como o Irã, porexemplo. “O que queremos não é outro cessar-fogo queos terroristas do Hamas possam romper a qualquer momento. O quenecessitamos é uma garantia internacional que seja umcessar-fogo para sempre e que nossa população no sul dopaís viva em paz para sempre. No passado, tivemos umcessar-fogo que era rompido, a qualquer momento, pela organizaçãoterrorista Hamas. Não queremos voltar a essa situação", afirmou o embaixador.“Queremosa garantia de que, depois do cessar-fogo, os terroristas nãovão voltar a receber armamentos e foguetes do Irã e deoutros países e lançar, de novo, ataques contraIsrael. Teremos que receber esse tipo de garantia da comunidadeinternacional e de nossos amigos da Europa Ocidental e, éclaro, dos Estados Unidos e dos países do Oriente Médio”, assinalou. Oembaixador disse ainda que acredita no apoio norte-americano aIsrael, mesmo depois da posse do novo presidente dos EstadosUnidos, Barack Obama, no próximo dia 20. “Esse apoio vai continuar, porque não éuma questão de partido nos Estados Unidos. Os dois principais partidos, o Democrata e o Republicano, apóiam o povo deIsrael. Espero que o novo presidente continue com esse apoio."Giora Becher negou ainda que a ofensiva contra Gaza faça parte da estratégia eleitoral do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert.“Não é verdade. Não creio que nenhum políticode Israel decidiria sobre uma questão de guerra pensando emeleições. A situação em Israel realmentepediu uma resposta militar. Todos dentro dogoverno estão a favor da operação militar, assim comoa oposição e também a maioria da população."