Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro,Wadih Damous, informou hoje (26) que a entidade entrará com uma representaçãono Ministério Público Estadual para abertura de ação penal contra ospoliciais envolvidos no homicídio do militar Rafael Oliveira dos Santos, de 21 anos, mortodurante perseguição entre policiais e assaltantes de banco, em Brás dePina, subúrbio do Rio. Na ocasião morreram também Paulo Marcos da Silva e três assaltantes.Segundo Damous, o incidente é resultadode mais uma ação desastrada da política de segurança vigente, “baseadaexclusivamente no confronto, em que se atira primeiro e se perguntadepois”. A declaração do dirigente da OAB se deu depois de uma audiência dele com opai e o irmão de Rafael, que estiveram na sede da entidade para pedir apoio nas investigações do caso.“Os policiais sabiam que havia duas pessoas inocentesno carro e não tomaram qualquer cuidado na proteção desses jovens. Ainda que se permita a fuga dos bandidos, a prioridade é assegurar avida das pessoas. Não se pode é sair atirando a esmo, como a polícia doRio de Janeiro tem feito”, disse Damous. Muitoemocionado, o pai do rapaz, José Antônio Bezerra, chamou os policiais dedespreparados e de pitbulls, que só sabem atacar e matar. Ele disse quenão foi à polícia fazer o registro, por medo. “A gamela é a mesma, sómudam os porcos. Todo o cidadão que se propõe a falar, tem medo”, disse ele. JoséBezerra declarou que procurou a OAB para garantir que seus direitossejam respeitados. “Para que outras pessoas não passem pelo que estoupassando, com um buraco, um oco por dentro, sem uma parte de mim. Éimportante estar aqui para mim, que perdi meu filho, uma parte de mim,da mãe dele e do irmão e para que isso não aconteça mais com o filho deoutro trabalhador”, disse o pai da vítima. Rafael e o amigo Paulo Marcos da Silvaestavam dentro de um Palio, quando bandidos que haviam acabado de assaltarum banco, renderam os rapazes e deixaram no local o Fiesta roubado, queocupavam. Testemunhas do assalto chamaram dois policiais que passavam em um carro da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos(Drae). Durante a perseguição, o carro onde os assaltantes e os refénsestavam capotou e caiu dentro de um canal. Os cinco integrantes doveículo morreram a tiros. O presidente da OAB chamou decorporativista a atitude da polícia de registrar a ocorrência nadelegacia onde estão lotados os policiais envolvidos (Drae). Elecriticou a declaração do diretor das delegacias especializadas, AlanTurnovsky, de que os policiais não tinham alternativa. “Há semprealternativa no sentido de se proteger a vida humana. É para isso queexiste o aparato policial. Se não for para isso, nós efetivamentedevemos declarar que voltamos à barbárie e à justiça com as própriasmãos. Se isso for verdade, o aparato policial se equipara aos bandidos”.Opai e o irmão da vítima irão conversar com os advogados da OAB aindahoje. Wadih Demous afirmou que a entidade irá ouvir todas astestemunhas, inclusive as que foram ignoradas pela polícia, e assim queo material estiver consolidado, segundo Demous, a OAB irá noticiar oMinistério Público.