Economista prevê dificuldades para as classes C, D e E pagarem as contas

26/12/2008 - 11h42

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As dificuldades parapagar as contas em dia devem ser maiores para as classes C, D e E nopróximo ano, na opinião do economista e professor da Universidade de Brasília Roberto Piscitelli.Essa expectativa pode se configurar, com maior intensidade, noprimeiro trimestre de 2009, por conta da crise financeirainternacional, que no Brasil tem gerado efeitos como reduçãodo crédito e previsão de desaquecimento da atividadeeconômica, com aumento da taxa de desemprego. “Os efeitos da crisenão poupam sequer outras classes. Para as classes C, D e E asdificuldades serão maiores. É natural que isso ocorra porque muita gente vinha rolando dívida ou substituindopor outras”, explicou. Agora, segundo Piscitelli, com a perda deconfiança das instituições financeiras, renovarcrédito ou fazer novos financiamentos fica mais difícil,umas vez que as exigências tornaram-se maiores. Ele acrescentouque nas classes mais baixas “as pessoas podem não ter tantasgarantias para oferecer”. Além disso, ocrédito está mais caro, o que também é umfator de dificuldade a mais para a população com menorrenda. Segundo dados do Banco Central, a taxa de juros para aspessoas físicas subiu de 54,9% para 58,7% ao ano, a mais altadesde março de 2006, que estava em 59%.Outro fator observadopelo economista é que o aumento da taxa de desemprego, quedeve ser observado com maior intensidade no primeiro trimestre de2009, também é um fator que pode levar a maiorinadimplência. “Uma outra questão é a renda.Muitas pessoas podem ter que abrir mão de parte da renda, comredução de jornada, menos horas extras, menos turnos detrabalho”, disse. Segundo dados do BancoCentral, as instituições financeiras reforçaram suas provissões de outubro (R$ 61,301 bilhões) paranovembro (63,431 bilhões) deste ano em R$ 2,13 bilhões,porque com a crise há expectativa de maiores perdas. Nessemesmo período, a inadimplência das pessoas físicas mudou de 7,6% para 7,8%, a mais alta desde agostode 2003, que era de 7,9% no cálculo do BC que considera atrasossuperiores a 90 dias. Em janeiro deste ano, esse percentual era de7,1%. A inadimplênciaespecífica da compra de bens passou de 13,1% para 14,7%, deoutubro para novembro deste ano. No caso da aquisição decarros, a alta foi menor: de 4% para 4,1%. A inadimplência docrédito pessoal permaneceu estável em 5,4%. O BC nãotem dados sobre inadimplência por classes socias.