Para Marina Silva, seringueiro foi "coração voluntário na defesa da floresta"

22/12/2008 - 7h23

Beth Begonha e Luana Lourenço
Repórteres da EBC
Brasília - O líder seringueiro Chico Mendes, assassinado por defender a floresta do avanço do desmatamento, foi “um coraçãovoluntário na defesa da floresta”, na avaliaçãoda ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva.

Amiga de Chico Mendes e uma das principais personagens dacontinuidade da trajetória do ambientalista,assassinado há 20 anos, a senadora acredita que ofortalecimento do modelo extrativista – a chamada economia dafloresta – precisa ser fortalecido para garantir a sustentabilidade na Amazônia, ou seja, manter a floresta em pé comalternativas econômicas para quem vive na região.

“O modelo predatório de desenvolvimento, de remoçãoda floresta para outros tipos de atividade, tem pelo menos 400 anosno Brasil, e contou com financiamento, com tecnologia, compolíticas públicas no mais alto grau de suporte e comtoda uma base de políticos e governantes apoiando esse modelo.Já o modelo de desenvolvimento sustentável começouhá 20 anos e as pessoas fazem uma cobrança para que játenha os mesmos resultados que aquele. É muito desmedido”,avalia.

A senadora, que conviveu com Chico Mendes nos seringais de Xapuri enas batalhas políticas em Rio Branco, acredita que a herançado ambientalista foi muito além do Acre e ainda hoje éreferência para as políticas públicas e açõesda sociedade civil em defesa da Amazônia.

“O que ele fez, prevaleceu, porque não era algo só doChico Mendes, era algo de um tempo, o questionamento de uma época.O que teria acontecido com a Amazônia se tivesse continuadoaquele ritmo [de desmate]? Acho que teria sido terrível”,avalia.

Vinte anos após a morte de Chico Mendes, Marina avalia que aAmazônia deixou de ser vista apenas como fonte debiodiversidade para geração de lucros e ganhou valor doponto de vista simbólico, estético e de prestaçãode serviços ambientais para o planeta.

“O maior avanço que tivemos foi na consciência daspessoas. Se nós pararmos para pensar que há 20 anos eleera uma pessoa praticamente isolada, com poucos apoios fora do Acre,e hoje vermos o que significa a preocupação do paísinteiro com a a Amazônia, é umacoisa que a gente bem conseguiria imaginar”, avalia.

Assista aqui à entrevista da senadora Marina Silva à Agência Brasil.