Governo do Acre quer investir R$ 30 milhões em comunidades extrativistas

22/12/2008 - 6h27

Beth Begonha e Luana Lourenço
Repórteres da EBC
Brasília - O governo do Acre quer investir R$ 30 milhões em apoio acomunidades extrativistas para garantir a continuidade da luta deChico Mendes e evitar a derrubada de florestas do estado. A previsãoé do governador Binho Marques, que defende a competitividadedos produtos extrativistas para “nadar contra a maré dacriação de gado” que pressiona o desmatamento naAmazônia.

Vinte anos depois da morte de Chico Mendes, o governador apontadificuldades para a consolidação de uma economiasustentável no Acre, diante da concorrência com o gado,que coloca em risco a floresta em nome da abertura de pastos para apecuária.

“É muito mais fácil trabalhar com um produto que temmercado garantido. E é contra isso que lutamos,contra uma lei de mercado, que nos coloca numa situaçãodifícil”, afirmou, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia.

Herdeiro político da luta de Chico Mendes, Binho Marquescompara a criação de reservas extrativistas – a partir das idéias do seringueiro – a um novo conceito de reforma agrária para a Amazônia.

“Uma reformadiferente do modo tradicional, rural, de 50 hectares por família.Ele queria que toda uma área de seringal fosse delimitada, queela pertencesse à União e que os moradores tivessemdireito de uso dessa área e quefizessem a gestão coletiva”, lembrou.

“O nosso desafio é criar oportunidades para que os seringueirospossam ter atividades sustentáveis nessas reservas”,acrescentou.

O Acre é um dos estados menos desmatados da AmazôniaLegal. Apenas 10% da área de florestas do estado foramderrubadas. No sul de Rondônia, estado vizinho, o percentualchega a 80% em alguns trechos da floresta.