Cúpula aprova criação do Conselho de Defesa Sul-Americano

16/12/2008 - 20h07

Mylena Fiori
Enviada Especial
Costa do Sauípe (BA) - A criaçãodo Conselho de Defesa Sul-Americano, uma proposta do governobrasileiro, foi aprovada hoje (16), em cúpula extraordináriada União de Nações Sul-Americanas (Unasul).Segundo o ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, o objetivo do conselho não éuma aliança militar, e sim a articulação ecoordenação de estratégias de defesa docontinente. “[Oconselho] visa a desenvolver uma visão na regiãosobre problemas de defesa, ajuda na confiança mútua e aênfase é no aspecto de cooperação,treinamento, equipamentos e uma base industrial comum na áreade equipamento de defesa”, relatou Amorim. “Não éum instrumento de operações militares.” Desdeo final do ano passado, o ministro da Defesa, Nélson Jobim,percorreu diversos países da região apresentando aproposta do conselho. Em maio deste ano, a proposta foi formalmenteapresentada à Unasul, durante reunião de presidentesrealizada em Brasília, e foi criado um grupo de trabalho paraanalisar a sugestão brasileira. Na ocasião, opresidente da Colômbia, Álvaro Uribe, deixou claro quenão participaria da iniciativa devido a diferentesposicionamentos, dentro da região, quanto à atuaçãodas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia(Farc). Uribe não participou da reunião de hoje daUnasul – foi representado pelo vice-presidente, Francisco Santos –e o conselho foi aprovado por consenso. Amorimnão deu detalhes sobre o projeto aprovado, mas confirmou que,conforme proposta original do Brasil, caberá ao conselhopromover a integração das bases industriais de defesavisando à criação de um parque industrialregional. Aproposta inicial brasileira previa outras atribuições,como a análise da conjuntura internacional e de situaçõesregionais e sub-regionais na área de defesa, além dacoordenação de ações para o enfrentamentode riscos e ameaças à segurança dos estados. Oconselho seria responsável, ainda, pela promoçãodo intercâmbio de pessoal entre as Forças Armadas dospaíses, da formação e treinamento de militares,da realização de exercícios militares conjuntose da participação conjunta em operaçõesde paz da Organização das Nações Unidas(ONU). Além doConselho de Defesa, a Unasul aprovou a criação doConselho Sul-Americano de Saúde. Os presidentes tambémouviram relato da Comissão de Direitos Humanos da Unasul, queinvestigou denúncias de violação dos direitoshumanos no Departamento de Pando, na Bolívia, na fronteira como Acre, onde camponeses foram mortos durante conflito entreautonomistas contrários a Evo Morales e partidários dopresidente. Amorimnão revelou as conclusões do relatório. Apenasinformou que os membros da Unasul concordaram em enviar o relatórioà Comissão Interamericana de Direitos Humanos e ao AltoComissário de Direitos Humanos da ONU. Quantoà escolha do secretário-geral do grupo, a decisãofoi adiada para abril. O tema prometia polêmica, uma vez que opresidente do Uruguai, Tabaré Vazquez, disse que abandonaria ogrupo, caso fosse confirmado o nome do ex-presidente argentino NestorKirchner. Amorim assegurou que nomes sequer foram citados na reunião.Segundo Amorim, maisimportante do que a escolha de um secretário-geral, queocuparia a função interinamente, é a ratificaçãodo tratado de criação da Unasul, o que, atéagora, foi feito apenas pelo Parlamento de dois dos 12 paísesmembros – Bolívia e Venezuela. Também integram ogrupo Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Equador,Peru, Chile, Guiana, Suriname.