Economista defende redução de juros na ponta para o consumidor

12/12/2008 - 14h03

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Diante das medidas paraconter a crise financeira internacional anunciadas pelo governo e da decisão do Banco Central de mantera taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano, o diretor de Economia, Bankinge Finanças da Associação Nacional dos Executivosde Finanças (Anefac), Andrew Frank Storfer, avaliou que ogoverno está “na direção certa” e que oBC começa a dar sinais de que não vai ficar“ao sabor” do empresariado brasileiro.

“Sãotodas medidas que visam a estimular um pouco o consumo e facilitar ascondições de crédito. O governo estátomando ações que estimulem a atividade econômica,o que é bastante saudável. O empresariado tinha umaforte expectativa de que a taxa de juros baixasse. Não adiantaa gente ficar mexendo na Selic, que é o custo baixo dodinheiro, se na outra ponta os juros praticados são muitoelevados.”

Ementrevista ao programa Revista Brasil, da RádioNacional, Storfer disse que, antes da crise, o mundo vivia “umasituação de crédito muito fácil” e que países emergentescomo Brasil, China, Rússia e Índia sustentavam o crescimento mundial. Ele destacou que essas nações são expressivas, em termos de Produto Interno Bruto (PIB).Para oeconomista, a maior ajuda a ser oferecida pelo governo brasileiro noatual cenário é deixar a economia “girando em nívelsatisfatório”. “Esse é o grande medo de todos para2009”, destacou. Storfer acredita que o ano que vem não seráde “bonança” e nem deve lembrar “os tempos bons dosúltimos três anos”, mas também não seráruim. “Vai ser um ano razoável e, em termos de comparaçãomundial, pode ser até bom para o Brasil”, avaliou.

“Asmedidas são mais pontuais e mais diretas, ligadas àmicroeconomia. Se você baixasse ontem ou anteontem os juros,que influência isso teria na ponta, para quem faz um crediário,financia um imóvel, toma dinheiro emprestado ou usa o chequeespecial? As medidas têm efeito imediato, as da taxa Selicapenas em seis, sete meses.”

Storferressaltou que a “grande preocupação” no paísprecisa ser a manutenção do emprego e da renda, pormeio de investimentos no setor produtivo e no varejo, o que,segundo ele, mantêm o dinheiro em circulação e os investimentos das empresas. “É o que mantém também o própriogoverno, por meio da arrecadação”, acrescentou.

“Quandoo governo faz essas medidas, ele procura aliviar um pouco o crédito,deixar um pouco mais de dinheiro disponível, fazer um certopacto do tipo 'mantenham os empregos e não demitam',proporcionando um certo alívio tributário. A economia étoda interligada e, a partir do momento em que você conseguemanter empregos, esse pessoal tem renda e consome, acaba girando umpouquinho o dinheiro.”

Oeconomista destacou que o auxílio oferecido àindústria automobilística, por exemplo, vigora atémarço de 2009 e que, até lá, o governo vai poderverificar se houve efeito positivo na economia brasileira, se nãohouve demissões e se a redução das alíquotas do Imposto sobre produtos Industrializados (IPI) foirealmente repassada ao consumidor.

“Podeser que tenhamos algum pacote, por exemplo, de auxílio àagropecuária, para incentivar a safra, armazenagem, circulaçãode determinados produtos. No fundo, o que o governo estáfazendo é tentando cumprir seu papel de estímulo àeconomia. Ele escolheu alguns setores e algumas medidas para poderiniciar esse estímulo, vai observar e monitorar, examinandomedidas complementares para atender outros setores.”