Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O crescimentoeconômico continuará sendo desigual e concentrado emdeterminadas áreas, tanto em nível local quantointernacional. Ainda assim, pode ser inclusivo, na avaliaçãodo Banco Mundial. E um dos principais caminhos preconizados peloseconomistas da instituição não é novo: aintegração regional. “Por meio da integração com osvizinhos, os países podem atingir uma economia de escala queos torne competitivos no mercado global”, afirmou hoje (4) oeconomista sênior do Banco Mundial, Truman Packard, durantelançamento, no Brasil, do Relatório sobre oDesenvolvimento Mundial 2009: A Geografia Econômica emTransformação. Há menos de dez dias da realização,no Brasil, de Cúpula do Mercosul, da Unasul (União deNações Sul-Americanas) e da América Latina e doCaribe, Packard ensinou como avançar no processointegracionista regional. “A América Latina tem váriassub-regiões, e acredito que o erro do passado foi adotar amesma receita para cada uma destas sub-regiões”, frisou oeconomista. “Para o Cone Sul, onde existe um grande mercadolocal que é o Brasil, os governos têm que enfocarsistemas de infra-estrutura para ajudar no movimento de pessoas, bense recursos entre os membros da região”, recomendou Packard,ressaltando que o processo de integração não éfácil e não pode ocorrer em apenas uma década –no caso europeu, levou 50 anos. Questionado sobre a perspectiva inversa àintegração diante da crise financeira internacional e anatural tendência ao protecionismo, foi taxativo: paísesintegrados com seus vizinhos estarão mais preparados paraenfrentar esta e futuras crises. Como exemplo, citou o SudesteAsiático, que resistiu ao ímpeto protecionista na crisede 1997. Em vez disso, partiu para a integraçãoregional e hoje, dez anos depois, os países estão maisprósperos que antes da crise. “A integração econômica éa maneira de combinar os benefícios do crescimento desigual noespaço e do desenvolvimento inclusivo”, reitera o relatório,lançado hoje em Brasília. No documento, o Banco Mundialtraça um mapa da exclusão no planeta. Em nívellocal, faz referência a 1 bilhão de pessoas que vivemnas favelas do mundo em desenvolvimento. Em nível nacional,cita outro bilhão de indivíduos que vivem em áreasisoladas, sem acesso a serviços básicos. Por fim, emnível internacional, menciona mais 1 bilhão de pessoasque vivem em países pobres ou isolados.Como solução, em vez de propor adisseminação geográfica da atividade econômica,o Banco Mundial chega a defender a concentração. Alegaque a expansão não contribui para o desenvolvimento epara o alívio da pobreza, diz que lutar contra isso éimpedir a prosperidade e propõe, como alternativa, amobilidade de pessoas, produtos e idéias.“O desafio para os governos é permitir —até mesmo incentivar — o crescimento econômico'desequilibrado' e ainda assim garantir o desenvolvimento inclusivo.Eles podem fazer isso por meio da integração econômica— aproximando os lugares atrasados e os adiantados em termoseconômicos”, diz o relatório. “A melhor forma deefetuar essa integração é por meio da liberaçãodas forças de mercado de aglomeração, migraçãoe especialização, não as combatendo ou se opondoa elas”, defende a cartilha da instituição.