Sintomas parecidos podem dificultar diagnóstico de doenças em SC, alerta infectologista

03/12/2008 - 14h49

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A proximidade dos sintomas da hepatite A, dengue e leptospirose podemdificultar ainda mais o diagnóstico de doenças das vítimas dostemporais em Santa Catarina. O alerta é do infectologista daUniversidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmilson Migovisky, que lembra que por conta das enchentes, aumenta-se o risco de contrair doenças infecciosas.“Todasas vezes em que vejo essas pessoas dentro da água, redobro aminha preocupação. Os sintomas se parecem e fica umpouco confuso o diagnóstico. Febre,mal estar, dor no corpo e icterícia para dengue. No caso da leptospirose,você pode ter um quadro de insuficiência renal. Já ahepatite A é o acometimento do fígado. O tratamento é diferentee, infelizmente, nessas regiões que foram assoladas, nãovêm sendo distribuída a vacina para hepatite A.”Ementrevista ao programa Notícias da Manhã, daRádio Nacional, ele avaliou que, sobretudo para apopulação que teve casas alagadas ou destruídaspelas chuvas, o risco de contrair uma doença contagiosa égrande. “Infelizmente, é mais uma preocupação”,disse. O grande problema, segundo Migovisky, é a interrupçãodo fornecimento de água potável e dos serviçosde saneamento básico. “Água contaminada éveículo para muita doença”, afirmou o infectologista.“Ficodesesperado quando vejo [vítimas das enchentes caminhandopela lama]. Não apenas pelo risco de as pessoas cairem embueiros ou buracos abertos pela chuva como também por contadas doenças. Quanto maior o tempo de exposição àessa água contaminada, maior a probabilidade de contrairbactérias.”Migoviskydestacou a importância de utilizar galochas ou botas longas ao tentar voltar aoslocais atingidos por alagamentos, além de ingerir apenas águafervida e alimentos que possam ser bem cozidos.“Agente não pode bobear. As pessoas têm que se expôrmenos à essa água contaminada, sem querer dar uma deherói indo para as casas limpar a lama. Sei que éterrível, mas o mais importante nesse momento épreservar a saúde porque você, com saúde,reconstrói, mas doente, não consegue ir a lugaralgum”, avaliou.