Presidente de associação de empresas de capital aberto teme problemas com crédito em 2009

02/12/2008 - 16h18

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A preocupação maior das empresas brasileiras, no próximo ano, deverá ser o crédito com os efeitos atingindo o lado real da economia, disse hoje (2) o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca), Antonio  Duarte Carvalho de Castro. Ele prevê que as grandes empresas não chegarão a ter dificuldades, uma vez que os bancos têm preferência em emprestar a quem possui uma maior tradição de mercado. Observou, porém, que “as  pequenas empresas possivelmente vão ter muita dificuldade na obtenção de crédito”. Segundo Castro, a crise tornou difíceis de serem cumpridas as decisões de prazo mais longo, principalmente os investimentos. Ele afirmou que  “por mais que se diga que os efeitos da crise não serão tão severos no Brasil como nos Estados Unidos e Europa, o nível de investimentos está abaixo de 20% do Produto Interno Bruto (PIB), como seria desejável”. Na sua avaliação, outro entrave ao desenvolvimento das empresas brasileiras é a carga tributária excessiva, que torna o custo do dinheiro alto. Mas, embora os prognósticos pontuais sejam negativos, o presidente da Abrasca acredita que o país crescerá em 2009. “Do ponto de vista do crescimento da economia, a visão da Abrasca se mantém de otimismo moderado”, acentuou. A expectativa da entidade é que, em 2009, o Produto Interneo Bruto tenha expansão de cerca de 3%, “abaixo do potencial brasileiro, mas, no mundo atual, ainda bastante positivo”. Castro espera que haja uma redução das taxas de juros e que, com esse quadro, o investimento em ações começará a ter uma atratividade especial. Segundo ele, “2009  é um ano muito bom para preparar o futuro. Superado 2009, eu acho que a tendência do mercado de capitais é retomar porque o empreendedor brasileiro é criativo”. A falta de liquidez do investidor estrangeiro contribuiu para a turbulência no mercado de ações. “Eu acredito que as pessoas físicas retomam numa certa velocidade o seu entusiasmo. E os fundos de pensão vão pensar que seria interessante ter no portfólio deles  instrumentos de rentabilidade mais alta”. O presidente da Abrasca avaliou que a evasão do capital estrangeiro, que representava 70% das emissões de ações, acabou envolvendo a Bolsa de Valores brasileira na crise financeira externa. Ele esclareceu que esse foi um fator preponderante no preço das ações, além de problemas internos das companhias, que afetaram o comportamento dos investidores. Uma das preocupações da Abrasca quando empresas decidem entrar no rol das companhias abertas é que tenham um pensamento de continuidade em relação à atratividade de suas ações para o mercado. Segundo Castro, a visão tem que ser de longo prazo e, para isso, é preciso que haja maior transparência nas comunicações das empresas e  rapidez na divulgação da informação.