Banqueiro Daniel Dantas é condenado a dez anos de prisão por tentativa de suborno

02/12/2008 - 13h48

Marco Antônio Soalheiro*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O banqueiro DanielDantas, dono do Opportunity, foi condenado hoje (2) a dez anos de prisão por corrupção ativa, emsentença assinada pelo juiz Fausto De Sanctis, da 6ªVara Criminal de São Paulo. Dantas é acusado de tentarsubornar um delegado da Polícia Federal para ter seu nomeexcluído das investigações da OperaçãoSatiagraha, da Polícia Federal.Foram condenados ainda o consultor Hugo Chicaronie o assessor de Dantas, Humberto Braz, ambos a sete anos de prisão,por terem cumprido o papel de intermediários na oferta de suborno. Eles teriam oferecido ao delegado da PF Victor HugoRodrigues Alves US$ 1 milhão para excluir o nome de Dantas dainvestigação. Dantas, Chicaroni e Braz também foram condenados ao pagamento de multas a serem revertidas para entidades beneficentes. Pela sentença, Dantas terá de pagar R$ 12 milhões; Braz, R$ 1,5 milhão e Chicaroni, R$ 594 mil. A soma das quantias totaliza seis vezes o valor da propina oferecida pelo grupo ao delegado, que era de US$ 1 milhão, acrescida de correção monetária. Todos eles podem recorrer da decisãoem liberdade, uma vez que o juiz não expediu mandado de prisãocontra eles.De Sanctis destacou a conduta “ética”que pautou o trabalho de investigação dos policiais edo Ministério Público na coleta das provas quepermitiram a condenação do banqueiro.“Perseguiram e honraram os cargos que ocupam nãose deixando seduzir por sentimento de poder que transforma o ser emcoisa. Adequaram-se à boa natureza, à ordem natural dascoisas.”O juiz também rechaçou argumentos dadefesa de Dantas, para quem o delegado Protógenes Queiroz (que chefiava a Operação Satiagraha) teria forjado umflagrante ao constatar que a investigação de crimesfinanceiros não resultaria em provas contra o acusado.“Restou claro o interesse direto de DanielValente Dantas, já que toda orquestração dosco-réus objetivou a sua exclusão, ou ainda de sua irmã,Verônica Valente Dantas, e de um outro familiar, deinvestigação policial levada a efeito perante a PolíciaFederal no Estado de São Paulo para apuração decrimes econômicos, lavagem de dinheiro e organizaçãocriminosa”, assinalou De Sanctis.“A intermediação de Hugo SérgioChicaroni evitou qualquer contato direto entre Daniel Valente Dantase as autoridades policiais, numa clara demonstração deque este acusado cercava-se de todos os cuidados para evitar suavinculação a qualquer ato ilícito”,acrescentou.