Amanda Cieglinski*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um ano depois de ter dividido uma cela por quase um mês com 20 homens na carceragem da Polícia Civil em Abaetetuba (PA), a adolescente de 15 anos, violentada por alguns detentos, mora forado estado sob a proteção da Justiça. A conselheira tutelar Imaculada Ribeiro, que prestou o primeiroatendimento à menor, diz que apesar do trauma, a jovem “começaa recuperar sua dignidade”.“Ela passou por umafase de desintoxicação e a boa notícia éque hoje ela está estudando. Isso nos deixa muito motivadospara continuar nossa luta para salvar muitas vidas aí fora”,conta Imaculada.Mas, a indignação da conselheira é quanto à impunidade dos envolvidos. O Ministério Públicodo estado ofereceu denúncia contra 12 pessoas, entre delegados,agentes prisionais e presos, acusados de agredir e estuprar a menina. As testemunhasainda estão sendo ouvidas pela Justiça. “Os verdadeirosculpados ainda estão soltos e continuam exercendo suasfunções. Não aqui em Abaetetuba, mas emdelegacias de outros municípios. Nós encaminhamos ocaso para todos os órgãos de defesa e garantia dosdireitos da criança e do adolescente, justamente para que não ficasse abafado, como sempre acontece.” À épocado crime, uma das justificativas do delegado para colocar a jovem nacela junto com os outros presos foi a de que, por ser fim de semana, a juíza de Abaetetuba não estava na cidade e nãopodia ser consultada sobre o encaminhamento da menor. Imaculadaacredita que esse aspecto melhorou após o caso.“A primeira mudançaé que agora os órgãos de promotoria e do Judiciário passaram a funcionar em escala de plantão.Antes, a gente quase não encontrava os promotores e juízes nosfinais de semana. Também começamos a ter reuniõescom eles para a gente trabalhar junto os casos mais complexos.”A prefeitura também investiu no Conselho Tutelar da cidade depois do ocorrido e atendeu a algumas reivindicações dos conselheiros. O então prefeito Luiz Gonzaga Lopes assinou umajuste de conduta e enviou computadores, impressoras, aparelhos de ar-condicionado, geladeira, fogão e televisão à instituição.