Polícia conclui que posição errada de manete foi principal causa do acidente em Congonhas

20/11/2008 - 12h11

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A polícia de São Paulo considera que a posição errada de um dos manetes (alavanca que acelera a turbina do avião) durante o pouso do Airbus A320 da TAM, foi a principal causa do acidente no Aeroporto de Congonhas em 17 de julho de 2007, que resultou na morte de 199 pessoas.“O fator principal do acidente foi o fato de o manete correspondente ao motor do lado direito ter sido deixado na posição climb [subida], que quer dizer aceleração, ou seja, posição de decolagem, enquanto o outro manete estava na posição correta, que é a posição reverso”, explicou nesta quarta-feira (19) o delegado responsável pelo inquérito,o  titular do 15º Distrito Policial da cidade de São Paulo, Antonio Carlos Menezes Barbosa. O delegado ressaltou que as investigações apontaram ser muito remota a hipótese de que tenha havido um problema técnico no equipamento. No entanto, as análises nas peças do avião, realizadas na França, não foram conclusivas. “De forma que nós não podemos afirmar com 100% de certeza que tenha havido um erro humano”, disse.Menezes lembrou que antes do acidente no aeroporto de Congonhas, mais quatro haviam acontecido em outras partes do mundo, desde 2002, com as mesmas causas, ou seja, o manete ter sido deixado na posição de subida na hora do pouso.    De acordo com o delegado, em razão desses acidentes, a fabricante da aeronave emitiu comunicado às operadoras e às autoridades aeronáuticas sobre a implantação de um dispositivo sonoro e visual no painel do avião para que o erro fosse evitado.  “Por razões que nós ignoramos, esse dispositivo saiu em uma categoria chamada desejável, ou seja, não obrigatória. E isso foi homologado pela autoridade aeronáutica francesa e brasileira”, afirmou.Além do erro da posição da manete, a polícia elencou no inquérito “fatores contribuintes” ao acidente. Segundo Menezes, uma série de inobservâncias de regras de segurança de vôo foi constatada pela investigação. Ele citou, por exemplo, o descumprimento da recomendação de que, após um longo período de estiagem e após a reforma de uma pista de um aeroporto, seja feita a medição do coeficiente de atrito da pista durante precipitações pluviométricas.“No dia do acidente, às 17h01, houve a interdição da pista, devido à reclamação de um piloto da Gol. Uma vez interditada, essa pista foi liberada após dez minutos, tendo os funcionários da Infraero se limitado a verificar se havia ou não poça d’água. Segundo as normas, haveria necessidade de medir o coeficiente de atrito. Temos informações de que foi feita a medição de coeficiente, mas antes que começassem as chuvas”, disse.