Projetos criados por Dorothy Stang provam que sustentabilidade é possível, diz missionária

19/11/2008 - 0h56

Ivan Richard
Enviado Especial
Anapu (PA) - Os Projetos deDesenvolvimento Sustentáveis (PDS), idealizados por DorothyStang, são exemplo de que é possível obter rendada floresta amazônica preservando a mata. A afirmaçãoé da também missionária americana Jane Dnyer,que está em Anapu (PA) há 12 anos e mantém otrabalho na região desde o assassinato de irmã Dorothy,em 2005.Para irmã Jane,se os governos local, estadual e federal investirem em programassemelhantes aos PDS seria possível alimentar a população,preservar o meio ambiente e oferecer uma fonte de renda aosagricultores de Anapu."Para preservar amata a agricultura familiar precisa de máquina. O povo quercumprir o fogo zero, mas sem equipamento não hácondição de fazer isso".Ela afirma que, semfiscalização, até mesmo os projetos de manejonão são respeitados na região. "Tudo aqui éilegal. Se os madeireiros atuam legalmente, porque eles esperam atéa noite para vir até a cidade. A gente vive nessas estradas eencontramos os caminhões esperando a noite chegar. Jácriaram caminhos alternativos para não passar pela cidade. E amata continua caindo".Nos PDS, argumenta areligiosa, os agricultores são orientados a utilizar afloresta de forma sustentável. Nessas áreas épossível, inclusive, explorar economicamente a extraçãode madeira, como explica a missionária."O únicolocal onde há verdadeiramente um programa de manejo éno PDS Virola Jaobá, que é um manejo comunitário",afirmou a religiosa, explicando que no local cada árvoreretirada recebe uma placa de identificação de metal.Com essa marca,acrescentou irmã Jane, a tora de madeira pode ser identificadae pode-se encontrar o tronco na floresta. "O que sai tem placa eo que fica tem placa. O móvel que for feito daquela madeiravai receber a mesma marca de identificação",exemplificou.O problema, para ela, éa ilegalidade. "Nosso povo, em vários travessões,está com medo do fundo dos seus lotes, porque as madeireirasentram e os agricultores nem sabem. O problema é a ilegalidadee a responsabilidade", disse.A pequena casa demadeira onde mora em Anapu está sempre de portas abertas. Aúnica medida de segurança é um pedaço dearame que prende o velho portão de madeira. Perguntada se temmedo de que lhe façam mal, irmã Jane diz que o perigoque corre é o mesmo de todos no município."A gente vive emAnapu e tem um relacionamento com o povo daqui. O que o povo de Anapué sujeito, nós também somos. Então, se háproblema de segurança o povo também estápassando por ele e não saímos enquanto nãohouver segurança", diz. Ela conta que, mesmodepois do assassinato de Dorothy, continua indo em todos os locais nomunicípio. "Alguns até chamam a gente de Dorothy",brinca."Sozinho nãoando mais. Antes andava, mas vamos a todas as estradas do município.Hoje acho difícil alguém pegar uma bala e matar agente. Já criou problema demais para eles. Se quiserem acabarcom a gente, deve ser por um 'acidente'. Todos nós sabemos[dos riscos] e fazemos o possível para evitar, masninguém pode evitar tudo". Irmã Jane disse quenunca pensou em deixar Anapu.