Movimentos sociais, ambientais e de direitos humanos criticam atual modelo do agronegócio de biocombustíveis

19/11/2008 - 18h46

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Organizações sociais, ambientais ede direitos humanos criticam o atual modelo de exploraçãodo agronegócio da energia e das grandes monoculturasenergéticas, como da cana-de-açúcar, voltadaspara a exportação. Elas afirmam que discordamradicalmente do modelo e da estratégia de promoçãodos “agro-combustíveis”.Durante três dias, elas se reuniram paradiscutir os problemas e impactos do modelo atual da produçãode agro-combustíveis, no Seminário InternacionalAgro-combustíveis, em São Paulo. No documento elaborado por organizaçõesda Colômbia, Bolívia, Costa Rica, Bélgica, ElSalvador, Equador, México, Argentina, Alemanha, EstadosUnidos, Holanda, Suécia e do Brasil, dizem que a agriculturaindustrial para a produção de de biocombustíveisé insustentável, pois apenas se viabiliza atravésda expansão das monoculturas, da concentração deterras, do uso intensivo de agroquímicos, da super-exploraçãodos bens naturais comuns como a biodiversidade, a água e osolo.Segundo a coordenadora da organizaçãonão-governamental Amigos da Terra, Lúcia Ortiz, oobjetivo do documento, que será entregue a representantes detodos os governos que participam da Conferência Internacionalde Biocombustíveis que também ocorre em São Paulo, é expressar a posiçãodas organizações participantes do seminário comoum contra-ponto à promoção dos biocombustíveisrealizada na Conferência Internacional de Biocombustíveis. “É umdocumento contrário à expansão do agronegócioda energia e das grandes monoculturas energéticas voltadasexclusivamente à exportação”, disse.O texto elaborado pelos debatedores tambémcoloca a produção em escala industrial debiocombustíveis como causa para os desmatamento e destruiçãode ecossistemas em todo o mundo, e, especialmente da Amazônia,além de outros biomas do Brasil.Em outro item do documento, as organizaçõescriticamos financiamentos públicos para esse tipo de cultura,afirmando que o setor sucro-alcooleiro, no Brasil, não sesustenta sem o financiamento público, e que a promoçãodos programas governamentais de biocombustíveis écaracterizada por incentivos e subsídios governamentaisdiretos, como os do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES) e indiretos, como a não penalizaçãodas evasões fiscais e perdão de dívidas. Por fim, elas entendem que a soberania energética “não poderá ser alcançada em detrimento dasoberania alimentar”, e que se requeira uma nova organizaçãodo modo de vida em sociedade e das relações entre campoe cidade.