Delegado busca mais provas sobre participação da Abin na Operação Satiagraha

19/11/2008 - 20h23

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O pedido de informações feito pelo chefe da Divisão de Correições da Corregedoria da Polícia Federal, Amaro Vieira, à empresa de comunicação Nextel sobre a localização das antenas próximas aos locais onde a Operação Satiagraha foi deflagrada teve o objetivo de saber se agentes da Agência Brasileira de Informação (Abin) participaram da ação.A informação foi dada hoje (19) pelo deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), ao sair da sessão fechada na Comissão Parlamentar de Inquérito das Escutas Telefônicas Clandestinas que ouviu o delegado. Durante a operação, segundo o delegado, foram usados 52 telefones da Nextel.“Ele está investigando se algum desses telefones foi utilizado por agentes da Abin ou por algum colaborador privado”, disse Fruet. Segundo o parlamentar, o pedido de Vieira à Nextel foi apenas sobre a localização das antenas que estavam em funcionamento no dia em que a operação foi deflagrada, o que não caracteriza quebra de sigilo ilegal. Em uma segunda etapa da investigação, o delegado deverá pedir os dados telefônicos à empresa.De acordo com Fruet, o delegado disse que já ouviu cerca de 30 pessoas na investigação e que o inquérito já tem mais de mil páginas. O delegado Protógenes Queiroz, responsável pela Operação Satiagraha, também deverá ser ouvido.O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), confirmou que o delegado ainda não pedius dados sobre os números dos telefones utilizados. Aenas solicitou quais são as antenas de comunicação existentes em torno dos locais onde foram feitas as buscas e apreensões. Segundo o deputado, Vieira não solicitou os dados telefônicos. “O passo adotado no futuro seria a solicitação de uma quebra de sigilo para apurar quais telefones se comunicaram por meio dessas antenas”, disse.Já o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) deu outra versão para o depoimento de Amaro Vieira. Segundo ele, o delegado já tem as informações sobre os telefones usados no dia em que a Operação Satiagraha foi deflagrada e esses dados poderiam comprovar a participação de agentes da Abin na operação da Polícia Federal.“A suspeita do delegado é que aqueles telefones estavam compondo um grupo da PF com a Abin, que estavam atuando juntos na Operação Satiagraha, quando se sabe que a Abin não podia estar junto”, disse Pompeo.Ao final da sessão, os parlamentares aprovaram a prorrogação do prazo de funcionamento da CPI por mais 60 dias. Eles também aprovaram a convocação do presidente da Associação de Servidores da Abin (Asbin), Nery Kluwe.