Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os advogados dedefesa do banqueiro Daniel Dantas, do ex-presidente da Brasil TelecomHumberto Braz e do professor Hugo Chicaroni pediram hoje (19) ao juizFausto De Sanctis acesso às fitas da gravação deuma reunião da cúpula da Polícia Federal (PF).Eles querem também que o delegado Protógenes Queiroz eo ex-diretor da PF e da Agência Brasileira de Inteligência(Abin) Paulo Lacerda sejam ouvidos como testemunhas no processo emque os três são acusados de corrupçãoativa. Nos diálogosdessa reunião entre delegados e diretores da PolíciaFederal, foi decidida a saída do delegado ProtógenesQueiroz do comando da Operação Satiagraha. Protógenes,responsável pelas investigações iniciais daoperação, já foi ouvido pelo juiz nesseprocesso, como testemunha de acusação pelo MinistérioPúblico Federal.De Sanctis deve decidir, ainda hoje, se aceita ospedidos da defesa. Caso os pedidos sejam aceitos, as testemunhasdeverão ser ouvidas pessoalmente ou por carta precatória,e uma nova audiência deve ser realizada. Caso rejeite o pedido,encerra-se a fase de requisição de provas, e o juizpoderá dar uma sentença condenando ou não osréus em até 10 dias. Após a sentença do juiz, a partederrotada do processo, seja o Ministério PúblicoFederal, sejam os réus, poderá recorrer da sentençanos órgãos superiores: inicialmente, no TribunalRegional Federal (TRF) e depois, dependendo da decisão, noSuperior Tribunal de Justiça (STJ) ou no Supremo TribunalFederal (STF), Na manhã de hoje (19), os advogados dedefesa dos três réus entregaram ao juiz um documento comas considerações finais sobre o processo em que Dantas,Braz e Chicaroni são acusados de tentar corromper um delegadoda Polícia Federal para tirar o nome do banqueiro dasinvestigações da operação. O memorial doMinistério Público Federal já havia sidoentregue ao juiz e pediu a condenação dos trêsréus. “A perspectiva do Ministério Públicoe das análises das provas é de condenação.Existem provas suficientes para condenar todos os acusados pelo crimede corrupção ativa, inclusive Daniel Dantas, quecomandava toda a operação”, disse hoje o procuradorda República Rodrigo de Grandis. A pena, conforme o pedido doMPF, pode chegar a 12 anos de prisão.Segundo o advogado Nélio Machado, quedefende o banqueiro, sua intenção ao pedir novodepoimento do delegado Protógenes é “reduzir aacusação a pó”. Para ele, esses pedidos foramfeitos porque “a prova tem de ser vista de forma crítica eanalisada a partir de um critério comparativo. E essainvestigação vai revelar muita coisa relacionada com apostura à margem da lei do delegado Protógenes”.Machado voltou a dizer que seu cliente éinocente e vítima de uma “espécie de caçada ede linchamento”. Ele informou ainda que também pediu acessoao inquérito que investiga supostos excessos cometidos pelodelegado durante a Operação Satiagraha.