Leandro Martins
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Ambientalistas criticam projeto de lei que prevê a plantação de espécies exóticas em áreas desmatadas na Amazônia. O Projeto de Lei 6424/05 modifica o atualCódigo Florestal e permite uma redução, de 80% para 50%, daárea de vegetação original que deve ser conservada em propriedadesrurais. A medida obteve parecer favorável na Comissão de Agricultura e aguarda votação na Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Depois, deveretornar ao Senado.Para os setores ambientalistas, que apelidaram oprojeto de “Floresta Zero”, a aprovação do PL pode representar riscosde desmatamento acelerado. De acordo com um doscoordenadores da Campanha da Amazônia da organização não-governamental Greenpeace, Márcio Astrini, o problema é que a compensação de áreas dereserva legal pode ser efetuada em outro local e não no que foi feito a degradação."Precisa ter uma composição de uma legislação,hoje, que preserve a floresta, que possa garantir o desmatamento zerona Amazônia, e que possa ao mesmo tempo garantir mais tecnologia e ummelhor aproveitamento da agricultura no Brasil. Esse é o debate que temque ser feito."O autor do projeto, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), diz que os ambientalistas estão determinados a impedir odesenvolvimento do país ou então, segundo ele, não compreendem oprojeto."É uma inverdade, porque o projeto que foiapresentado é exatamente no sentido contrário. Você vai poder usar oque já está aberto, e não vai precisar abrir mais nada na Amazônia. Elenão derruba uma única árvore. Ele apenas permite, através de umaflexibilização do Código Florestal, que se faça o uso das áreas que jáestão alteradas."Outro temor dos ambientalistas está na permissão doprojeto ao cultivo de vegetação que não é original da Amazônia. Elesdefendem que a medida pode permitir o cultivo de plantas prejudiciais ao ambiente."O eucalipto suga a água do solo e do subsolo,para poder se desenvolver, para poder crescer rapidamente, de formamuito agressiva. Inserir uma espécie dessa, numa floresta tropical comoa Amazônia, pode condenar uma região inteira por esse tipo de plantação", afirma Astrini.Para agilizar a discussão do projeto, parlamentares erepresentantes dos ministérios de Meio Ambiente, Agricultura eDesenvolvimento Agrário se reuniram ontem (19) no Senado Federal. Também participaram do encontro representantes ruralistas eambientalistas. Entretanto, não houve avanços e uma nova reunião deve sermarcada.