Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As vítimas deescalpelamento em barcos receberão indenização.A Defensoria Pública da União, em parceria com ainiciativa privada e órgãos do governo federal, faráa identificação das vítimas – que têm oscabelos, orelhas e partes do rosto arrancados quando os cabelosenroscam no eixo dos motores das embarcações. De acordo com adefensora pública da União e coordenadora dainiciativa, Luciene Strada, cada vítima terá direito aR$ 3.500, valor estipulado em lei para danos pessoais porembarcações. A indenização serápaga pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-Brasil Resseguros),vinculado ao Ministério da Fazenda, e a FederaçãoNacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização(Fenaseg), segundo a defensora. A previsão é iniciar opagamento a partir de abril de 2009. Strada alertou que avítima terá que atender a requisitos, como ter sofridoo acidente quando estava em um barco, já que existem casos deescalpo por outros equipamentos. “Os pagamentos serãofeitos diretamente pela Defensoria Pública da União,uma vez que estamos tentando evitar fraudes”, disse a defensora. Conforme LucieneStrada, ainda não é possível quantificar onúmero de beneficiários. Mas a Capitania dos Portos daAmazônia Ocidental registrou51 escalpelamentos no Pará de dezembro de 2003 a agosto de2005. As mulheres da Região Norte são asprincipais vítimas, já que os barcos são oprincipal meio de transporte da região.O pagamento dasindenizações integra o Projeto Itinerante deErradicação do Escalpelamento, que prevê tambémações de prevenção aos acidentes e umalinha de crédito para que os barqueiros instalem proteçãonos motores impedindo que os cabelos dos passageiros enrolem no eixo.O projeto foi lançado hoje (17) no Palácio do Planalto.A defensora garantiuque o objetivo é oferecer condições depagamentos compatíveis com a renda dos donos das embarcações– que na sua maioria são de baixa renda. “Vai ser do tamanhodo bolso dele [empréstimo]”,disse Strada, acrescentando queserá feito um chamamento dos barqueiros.A presidente daAssociação de Mulheres Ribeirinhas e das Vítimasde Escalpelamento da Amazônia, Maria do Socorro Damasceno,emocionou-se ao falar da iniciativa e pediu políticas deprevenção. “Não deixemmais acontecer com outras meninas e rapazes”, afirmou ela, quesofreu escalpo total aos sete anos de idade.