Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No DiaNacional de Combate ao Câncer de Próstata – lembradohoje (17) – a desinformação e a resistência dos homens ao exame de toque retal agravam o cenárioda doença no Brasil e no mundo. O alerta é da SociedadeBrasileira de Urologia (SBU), que lança uma campanha nacionalcom destaque para o diagnóstico precoce.
Dados doInstituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que, nos últimos25 anos, os óbitos por câncer de próstataaumentaram em 95%. O índice passou de 4,2 em cada 100 milhabitantes para 9,6, só perdendo para os assassinatos e para odiabetes. A única arma, segundo o presidente da SBU, JoséCarlos de Almeida, é a prevenção – uma vez quea doença não tem sintomas.
Eleexplica que a próstata é uma glândula de poucosmais de 20 gramas, exclusiva do homem, e que, além do câncer,pode apresentar aumento benigno do local, com sintomas comosangramento urinário e ardência. Já o câncerde próstata, entretanto, é assintomáticoaté pouco antes da fase final da doença. “Nãovale esperar”, reforça.
“Ocâncer, muitas vezes, cursa silencioso ao longo de dez a 12anos e vai dar sintomas nos três ou quatro últimos anos.Não é incomum encontrarmos no consultório médicopacientes que vão primeiro ao ortopedista com dor óssea,e aquilo é detectado como uma metástase do câncerde próstata.”
Almeidarecomenda que os homens fiquem atentos à dosagem de PSA –proteína produzida pela próstata e que, na presençado câncer, aparece em maior quantidade – mas ressalta que o exame detoque retal é considerado fundamental pelos profissionais desaúde. “Os dois juntos potencializam o cenário eacendem a luz vermelha.” Para quem não tem históricofamiliar, a prevenção começa aos 45 anos.
Jáo perfil de homens cada vez mais novos que apresentam a doençase deve, segundo ele, aos avanços na prevenção,que possibilitam o diagnóstico precoce. Tumores detectados emhomens com 50 ou 55 anos e que poderiam morrer da doença aos65 agora apresentam chance de cura.Deacordo com a USB, pesquisas revelam que hábitos alimentaresdesregrados são uma das prováveis causas doaparecimento da doença em homens mais jovens. Os médicosrecomendam a ingestão de pouca gordura animal e de umaabundante alimentação vegetal, além do uso devitaminas A e D, selênio (presente na castanha do Pará),chá verde e vinhos.
Atualmente,existem diversos tratamentos para a doença, como cirurgia, radioterapia, braquiterapia – implante de sementes radioativas naglândula. A indicação é feita de acordocom o tipo de tumor e com a idade do paciente. Entre as intervençõescirúrgicas, há as abertas e as minimamenteinvasivas, como a laparoscópica e a robótica,ambas disponíveis no Brasil.