Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe Social (BNDES) não detectou qualquer movimento no sentido decancelamento ou mesmo adiamento de investimentos no o setorsucro-alcooleiro, cuja concessão está em análisena instituição.“Não há hoje na carteira que oBNDES tem em análise no banco, que é bastanteexpressiva, nenhuma notícia ou caso de desistência desolicitação de empréstimos. São inúmerosprojetos e alguns com valores de financiamento muito expressivo. Essaé a notícia que eu acho mais relevante”, afirmousuperintendente da Área Industrial do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o JúlioRamundo.Segundo ele, porém, com a situaçãodifícil e momentânea como a que vive o mundo hoje énatural que haja adiamentos de planos de investimentos. “Porqueestamos falando de vultosas quantias. Independente disso, asinalização que nós do BNDES temos dado àsempresas é de crença muito grande no futuro do etanol -e isto não mudou em absoluto”.Em sua avaliação a crise afeta todosos setores, há falta de crédito generalizado e váriascadeias da economia estão sofrendo. “Obviamente que o setorde açúcar e de álcool também, uma vez queele já vinha de uma situação de preço quenão era das mais favoráveis desde o ano passado e nacrise isto se agravou”, admitiu.Ramundo fez as declarações na últimasemana, quando o BNDES liberou para a imprensa, detalhes do livroBioetanol de Cana-de-Açúcar – Energia para oDesenvolvimento Sustentável, que a instituiçãolança amanhã (17), no Seminário Internacionalsobre Biocombustíveis, em São Paulo.Também presente à entrevista, CarlosEduardo Cavalcanti, chefe do Departamento de Biocombustíveis,lembrou que os crescimentos anuais dos desembolsos do BNDES têmsido da ordem de 80% em todo o complexo sucro-alcooleiro.“A gente está falando em apoio ao aumentoda capacidade produtiva do parque industrial. Da venda deequipamentos industriais e agrícolas para a cadeia, dosprojetos de co-geração - que também vemcrescendo ao longo dos anos - e falando também da participaçãodo banco no capital de algumas empresas, até porque entendemosque o processo de consolidação do setor vai acontecerem algum momento”.Cavalcanti informou que, juntando os produtos queo BNDES ofereceu ao setor no ano passado, o desembolso foi da ordemde R$ 3,6 bilhões.“Um valor que por si só já ébastante expressivo porque se vocês olharem todo o desembolsoglobal do BNDES, este valor representa algo da ordem de 5,5% de todoo desembolso e vem sistematicamente crescendo”.Segundo ele, a participação do setornos desembolsos do banco, que no ano de 2004, quando foi lançadoo carro flex, era da ordem de 1,5%, chegou no ano passado a 5,5%,.“E este ano dados até outubro indicam umaparticipação do complexo sucro-alcooleiro da ordem de7,5%. Foram desembolsados R$ 70 bilhões e o setor representouR$ 5,2 bilhões”. Cavalcanti adiantou que o banco tem hoje mais de70 projetos na Carteira do Departamento de Bicombustíveis.“São projetos em diferentes estados,operações já em fase final de contrataçãoe liberação de recursos, e operaçõesainda no início do processo analítico aqui no banco. Agente não tem nenhum registro de desistência dasempresas que enxergam no segmento um setor estratégico nolongo prazo”.