Estimular demanda é estratégia para evitar reflexo da crise na atividade produtiva, diz Lula

15/11/2008 - 13h11

Mylena Fiori
Enviada Especial
Washington - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (15) o estímulo à demanda interna como estratégia para evitar que a crise financeira internacional resulte no recuo da atividade produtiva e na queda de empregos no Brasil.“O Brasil tem um potencial de mercado interno que um país desenvolvido não tem, porque [a população nos países desenvolvidos] já tem carro, já tem casa, já tem televisão. Poderemos facilitar que o povo brasileiro tenha acesso a esses bens que ainda não tem”, afirmou o presidente em rápida conversa com jornalistas. Com esse objetivo, segundo Lula, o governo federal manterá os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Não pararemos de fazer os investimentos que estão previstos, porque a economia brasileira pode não crescer tudo o que a gente queria que crescesse, mas não pode deixar de crescer, porque o povo precisa trabalhar”, afirmou. O presidente também assegurou que o governo federal criará condições para continuar irrigando o mercado financeiro. “Até agora, todo o dinheiro que foi colocado pelos países ricos não chegou na ponta. É preciso que eles tratem de fazer com que o dinheiro chegue na ponta para o mercado financeiro poder voltar a funcionar com uma certa normalidade”, criticou. Lula citou como exemplo o caso dos Estados Unidos. Em jantar na Casa Branca com os chefes de Estado do G20 financeiro, na noite de ontem, Bush teria revelado que o governo norte-americano já aplicou US$ 1,5 trilhão – e não os US$ 850 bilhões anunciados – para amenizar os efeitos da crise desencadeada pela falência do mercado imobiliário norte-americano. Até agora, no entanto, apenas US$ 250 bilhões chegaram ao mercado. “O que pode acontecer de pior é que uma crise que começou por conta da especulação venha a causar problema sério no setor de produção dos países que tanto precisam crescer”.