Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O laudo do Instituto deCriminalística de São Paulo, que investiga as causas doacidente ocorrido com o avião da TAM em julho do ano passadono Aeroporto de Congonhas, apontou como responsáveis pelatragédia a Agência Nacional de AviaçãoCivil (Anac), a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária(Infraero), a companhia aérea TAM e a Airbus, fabricante daaeronave. O acidente provocou a morte de 199 pessoas.Segundo o promotorMário Luiz Sarrubbo, que acompanha as investigações,a conclusão do laudo não o surpreendeu, comprovando queessas empresas “erraram culposamente”. Deacordo com o promotor, dez pessoas, de nomes ainda nãorevelados, deverão ser indiciadas pelo acidente.“Houve omissãoculposa da Anac no gerenciamento de riscos, na liberaçãoda pista e na fiscalização dos padrões deoperação da empresa aérea envolvida. Houveconduta culposa da Infraero, que teria liberado a pista sem que elaestivesse com condições para tanto, principalmente emdias de chuva”, explicou o promotor.A TAM, de acordo com olaudo, teria sido negligente no treinamento da tripulação,não padronizando as operações de cabine dastripulações. Já a Airbus, fabricante daaeronave, falhou por não ter exigido ou ter tornadoobrigatória a instalação de um alarme quedispararia quando houvesse posicionamento errado dos manetes, queaceleram e frenam o avião, fato que o promotor acredita queteria evitado o acidente. “O acidente aconteceupor conta do posicionamento errado das manetes. E se os pilotostivessem sido avisados pelo alarme, talvez tivessem tido aoportunidade de frear”, afirmou.No entanto, segundo opromotor, uma eventual responsabilização da Airbus, quenão é uma empresa brasileira, ficará para umasegunda etapa para não atrasar o processo. “Essa é umaquestão que estamos deixando de lado no momento porque issolevaria a um atraso de alguns anos na conclusão das nossasinvestigações”, explicou.Quanto aos dois pilotosda aeronave, Kleiber Lima e Henrique Stefanini di Sacco, o laudoconclui que ambos “foram vítimas” e não causadoresda tragédia. “Nósentendemos que os pilotos são vítimas. Éevidente que eles cometeram um equívoco na ponte final,contudo, o sistema é todo estruturado para suportar o erro dastripulações, que são previsíveis, jáque são seres humanos e submetidos a situaçõesde stress. Então o sistema deve funcionar para absorvero erro do piloto”, esclareceu o promotor.Na próximasegunda-feira (17), o laudo deverá ser anexado ao inquéritopolicial, que está sendo conduzido pelo delegado AntônioCarlos de Meneses Barbosa, que deverá remetê-lo aoMinistério Público estadual.