Falta de recursos impede melhor resultado de políticas sociais no país, diz Pochmann

13/11/2008 - 15h42

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O conjunto de políticassociais do Brasil é bastante amplo e não difere, namaioria das vezes, dos países desenvolvidos, mas o que o fazdiferente do quadro nesses países é o financiamento,que ocorre em menor quantidade, ao mesmo tempo em que existe um fossosocial muito mais grave, do ponto de vista do acesso à renda eaos bens públicos. A avaliação foi feita hoje (13), emSão Paulo, pelo presidente do Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea), Marcio Pochmann, que participou do 60º Fórumde Debates Projeto Brasil, com o tema Políticas Sociais:reavaliação e aplicabilidade de alternativas. Pochmann destacou que a diferença derecursos para menos e de desigualdade social para mais observada noBrasil em relação aos países desenvolvidos fazcom que os programas sociais nem sempre apresentem resultadossemelhantes aos obtidos por países que têm ósmesmos instrumentos. Segundo ele, a evolução social doBrasil não foi tão acentuada, porque o âmbitoeconômico do país, desde a elaboração daConstituição Federal até agora, não foifavorável e registrou altos índices de desemprego. Jáno período mais recente, quando há expansão daatividade econômica acompanhada de mais emprego e de elevaçãodo salário, a efetividade das políticas sociais émais significativa, afirmou. “Estamos retomando [a efetividade daspolíticas sociais], pelo menos do ponto de vista daredução da desigualdade de renda e da elevaçãoda remuneração dos trabalhadores, de forma maissignificativa. Mas ainda estamos longe do ideal”, afirmou Pochmann.Ele disse que é preciso adotar indicadoresmais contemporâneos para atender as exigências do modo devida e de produção do início deste século,com ênfase em questões como sustentabilidade e meioambiente. “Precisamos de indicadores com visão mais ampla,que mostrem não apenas os resultados da atividade econômica,mas seus efeitos destrutivos e negativos.” O economista ressaltou que as decisões depolítica econômica são também decisõesde política social. Ou seja , ao se decidir os rumos daeconomia, decidem-se os rumos da sociedade. “Neste momento em quese agrava a crise econômica, e os impactos da crise começama chegar à atividade produtiva mais real, é necessárioum melhor monitoramento para evitar que, mais uma vez, as políticassociais terminem sendo mais uma ação compensatória.”