Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O coordenador doCentro de Estudos do Terceiro Setor da Fundação GetulioVargas (FGV), Luiz Carlos Mereje, disse hoje (13) que existem noBrasil mais de 330 mil organizações atuando nestesegmento, distribuídas em locais nos quais o governo nãoestá presente. Segundo ele, por conta de sua capilaridadeextensa, essas organizações são extremamenteimportantes para o auxílio à implementaçãoe andamento dos programas sociais. Oterceiro setor é constituído por organizaçõessem fins lucrativos e não-governamentais, que têm comoobjetivo gerar serviços de caráter público.“Do ponto de vista de sinergia, seria um ganhotremendo para a política pública se fosse adotada umapolítica oficial de parceria com o terceiro setor”, disseMereje, depois de participar do 60º Fórum de DebatesProjeto Brasil, com o tema Políticas Sociais: reavaliaçãoe aplicabilidade de alternativas, hoje (13), na capital paulista. Mereje informou que existem algumas iniciativassegmentadas na área federal e que alguns municípiostambém estão pensando em implementar políticascom as organizações do terceiro setor. “Mas ainda nãose tem no Brasil uma concepção de políticapública que envolva o setor como um parceiro importante eindispensável”, ressaltou. Ele destacou que ainda não há, porparte do governo, uma política pública que considere oterceiro setor estratégico para a área social. “Ogoverno prefere fazer as coisas sozinho a utilizar esse grandepotencial e força comunitária que são asorganizações”. Entretanto, Mereje reforçou que,aos poucos, se assiste no Brasil à intenção deincluir o terceiro setor nas políticas públicas. “O governo atual tem o Conselho deDesenvolvimento Social, que tem dados passos muito tímidospara colocar a sociedade civil participando das políticaspúblicas. Deveria haver uma agressividade maior do governo emrelação a essa área”, defendeu. O especialista disse que, se houvesse maisintegração do terceiro setor com o Programa BolsaFamília, por exemplo, o governo teria tido mais sucesso naassistência às áreas de saúde e educação.Segundo Mereje, isso ocorreria por meio da transferência derecursos para essas organizações atenderemprioritariamente as famílias que participam do programa. “Achoque isso criaria uma sinergia muito importante, que falta noprograma.”