Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social, Luciano Coutinho, afirmou hoje (13) queainda é cedo para dizer que o desempenho apresentado pelainstituição até outubro significou umdeslocamento da demanda do mercado para o banco. Ele acredita que as consultas feitas ao BNDES, nototal de R$ 52 bilhões no trimestre que se encerrou emoutubro, “talvez reflitam uma forte inércia doprocesso de decisão de investimentos. E é possívelque um pedaço disso reflita [um deslocamento da demanda]”.
Segundo Coutinho, a redução da oferta de crédito no exterior, provocada pela crise financeira, representava cerca de 8% do volume de créditototal do Brasil, chegando entre 15% a 20% da capacidade definanciamento de grandes empresas que tinham acesso ao mercadointernacional.
“Ao secar completamente o crédito no mercado internacional, é plausível a hipótese de que essa demanda de crédito tenha se transferido para o país e exercida em reais”. Ele acrescentou que, por outro lado, a aceleração efetiva de investimentos observada na área de infra-estrutura não tem nada a ver com a crise e corresponde a um ciclo de investimentos firme nesse setor.
Ele ressaltou que, por determinação do presidente da República, não faltará recursos para que o banco apóie a área de infra-estrutura. “Investimento em infra-estrutura gera eficiência para a economia. Ele precisa ser apoiado. Pelo volume e pelo impulso com que ele vem, o investimento em infra-estrutura pode assegurar um piso para o crescimento dos investimentos como um todo e para o crescimento da economia. Ele tem um papel importante. E é real. Não é um processo de transferência. É um processo efetivo, doméstico, de crescimento da demanda de investimento”, disse.
A expectativa de Coutinho é que o BNDES tenha recursos disponíveis no próximo ano para a demanda do mercado. Segundo ele, a folga que o banco tinha reservado para 2009 está sendo usada agora, o que aumentará o desafio de buscar recursos novos.
O presidente do BNDES informou que já iniciou conversações com o Ministério da Fazenda sobre a composição dos recursos do banco para 2009 (funding).
Coutinho disse ainda que o orçamento do ano que vem deverá ter um peso maior das fontes multilaterais de crédito, como o Banco Mundial (Bird) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Deverão ser feitas também captações em moeda estrangeira, “para que o BNDES continue cumprindo um papel importante de suporte em 2009 ao investimento”.