Tarso nega que investigação sobre delegado da PF seja intimidação

10/11/2008 - 18h02

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O ministro da Justiça, Tarso Genro, negouhoje (10), no Rio, que as investigações da Corregedoriada Polícia Federal (PF) sobre o delegado Protógenes Queiroz sejam uma forma de intimidação ou que venham a interferir no andamento doprocesso contra o banqueiro Daniel Dantas, um dos principais acusados naOperação Satiagraha.O ministro admitiu, no entanto, que se odelegado cometeu algum erro ou abuso na realização da operação terá queresponder por eles. “Eu não vejo como isto seria uma intimidação. Essainvestigação feita pela Corregedoria é perfeitamente normal, como é feita tambémem dezenas de outros casos.""Não tem nenhuma interferência e nenhuma intimidação.Muito pelo contrário: isso aí dá tranqüilidade para a Policia Federal e para asociedade na medida em que mostra que a instituição também cuida dos seus”, afirmou o ministro.ParaTarso, o delegado Protógenes pode até sair fortalecido das investigaçõesda Corregedoria. “Se ele cometeu algum erro vai responder perante a Justiça. Éuma coisa normal no estado de direito democrático. Se no final do inquérito odelegado Protógenes não tiver contas a ajustar ele será até homenageado, porquefoi feito uma revisão no seu trabalho e não se encontrou nada. Mas agora, seencontrar ilegalidade ele vai responder, como responde sendo da Polícia Federal,sendo da Receita Federal, ou um cidadão comum que se envolve em um crime dajurisdição da Polícia Federal”.O ministro também descartou a possibilidade de que o trabalho da Corregedoriavenha a atrapalhar a condenação dos principais envolvidos na operação.(Além de Dantas, o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta e o investidorNaji Nahas também chegaram a ser presos na operação).“Em absoluto”, afirmou. “Tanto que há umaequipe técnica conduzindo o inquérito e sem nenhuma espetaculosidade e semnenhum tipo de postura preventiva ou de relações laterais e ilegais”.Tarso negou ainda a interferênciado Poder Judiciário na PF, ao ser questionado sobre declaraçõesrecentes do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, como as contra o hábito da instituição de dar nome às operações.“Absolutamente. Não há nenhuma interferência doPoder Judiciário na Polícia Federal, a não ser aquelas que se dão dentro doprocesso através de decisões do juiz que recebe o inquérito. Essas opiniões arespeito da Polícia Federal são opiniões normais e nós temos que receber isto aícom naturalidade”, disse o ministro.Para Tarso, quando se faz uma crítica de umabusca que a Polícia Federal realizou, está crítica é feita a uma determinaçãodo próprio Poder Judiciário. “A Polícia Federal não inventa busca e nem fazqualquer tipo de escuta telefônica por sua iniciativa. Nós temos que nos acostumarque nós temos hoje uma polícia que tem autonomia para atuar dentro da Lei e quenão poupa esforços para investigar nem mesmo os seus e que cumpre rigorosamentea Constituição e que vai continuar aprofundando o combate à corrupção e o crimeorganizado”.