Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Representantes dosgovernos de países emergentes pedirão a naçõesdesenvolvidas novas medidas para o combate à crise econômica internacional.Reunidos em São Paulo, os ministros da Fazenda do grupo conhecido como Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) e do Méxicoacordaram ontem (7) exigir outras atitudes dos países ricoscontra a turbulência financeira durante as reuniões do G20, que serão realizadas neste fim de semana.“Nós [osministros dos países emergentes]consideramos que há necessidade de que os paísesavançados tomem medidas adicionais para restabelecer ocrédito e a confiança dos mercados”, disse o ministroda Fazenda, Guido Mantega, em entrevista coletiva depois das reuniõescom ministros dos principais países em desenvolvimento.Segundo ele, asatitudes tomadas pelos governos norte-americano e europeuforam “corretas” e “profundas”. Entretanto, nem todas forampostas em prática e, as que foram sãoinsuficientes. “Se persistir a falta de crédito e os juroselevados nos países desenvolvidos, teremos uma retraçãoda produção em escala mundial”, alertou Mantega.O ministro disse que ospaíses em desenvolvimento pedirão aos governos dasnações ricas que tirem do mercado os chamados “títulostóxicos”, que estão minando a confiança dosistema financeiro; ampliem o volume de crédito destinado aospaíses emergentes; e também aumentem os investimentosestatais para evitar que o setor produtivo seja contaminado pelacrise.Segundo Mantega, apesarde os problemas na economia mundial não terem sido causadospelos emergentes, eles também estão sendo prejudicados. Ele explicou que ospaíses em desenvolvimento sofrem atualmente com a reduçãodo crédito, do comércio internacional e tambémcom a fuga de investimentos estrangeiro.“Os fundos deinvestimento estão tirando o dinheiro dessas economias [emergentes] paracobrir os prejuízos que tiveram em economias avançadas.Também ocorre uma fuga para a 'qualidade', ou seja, uma fugado risco que poderia estar no investimento em paísesemergentes”, disse.De acordo com o ministro, ospaíses em desenvolvimento também estão sendoprejudicados pela queda no preços das commodities,como petróleo e produtos agrícolas, uma vez que aseconomias de alguns deles são impulsionadas pela exportaçãodesses produtos. “A Rússia, por exemplo, depende muitopetróleo, cujo preço vem caindo fortemente.”Mantegaainda ratificou a proposta aprovada ontem por líderes da UniãoEuropéia, na qual eles estabeleceram um prazo de 100 dias paraa solução dos problemas mais urgentes da crise. “Quantoantes, melhor”, avaliou.Oministro afirmou, entretanto, que todas as sugestões demedidas pontuais são necessárias para o combate à crise atual, especificamente. Já para que sejam evitados novosproblemas, Mantega disse ser necessária um novo sistema financeiro, e que o assunto também faráparte da pauta das reuniões do G20.Participarão dosencontros ministros e presidentes dos bancos centrais dos oito paísesdo G8 (Estados Unidos, Canadá, Japão, Grã-Bretanha,França, Alemanha, Itália e Rússia), mais Áfricado Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil,China, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, Méxicoe Turquia.