Ministro do Supremo diz que não vai deixar de usar nomes de operações da PF

06/11/2008 - 16h57

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro do SupremoTribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello disse que nãoirá acatar a recomendação do Conselho Nacionalde Justiça (CNJ) para que juízes evitem utilizar emseus despachos os nomes dados pela Polícia Federal (PF) assuas operações.A orientaçãofoi aprovada na última terça-feira (4) no CNJ sobalegação, defendida pelo ministro Gilmar Mendes, quepreside o órgão e também o STF, de que os nomesde determinadas operações da PF já seriam umaespécie de pré-julgamento. A tese é rejeitadapelo ministro Marco Aurélio.“Vou [continuarusando] e até fico admirado com a criatividade no campo dasnomenclaturas. Não me cabe atuar administrativamente. Se issomerece ser coibido, e eu penso que não merece, quem deve atuaré o Executivo, o diretor-geral da Polícia Federal, oministro da Justiça e o presidente da República”,afirmou Mello.Bem humorado, oministro citou como exemplo a OperaçãoHurricane. “Seeu tivesse que ser contra, seria em primeiro lugar contra o fato de dar afuracão nome de mulher”, ironizou.Segundo o ministro, aespetacularização indevida de operaçõesda PF não ocorre em virtude dos nomes, mas sim dos vazamentospara veículos de comunicação. “O grande problema éacompanhamento pela imprensa de diligências porque isso ofendea dignidade do envolvido e o submete à execraçãopública. É aí que está o erro”,avaliou.Os ministros do STFanalisam nesse momento o mérito do habeas corpusapresentado pela defesa de Daniel Dantas contra a prisãopreventiva do banqueiro ocorrida em julho desse ano no curso daOperação Satiagraha da PF. À épocaDantas foi posto em liberdade por duas liminares concedidas peloministro Gilmar Mendes.Questionado se ojulgamento envolve uma afirmação de autoridade do STF,Marco Aurélio deixou claro não enxergar a açãodessa forma.“Processo para mimnão tem capa e não estou julgando integrantes da Abin[Agência Brasileira de Inteligência], da PF, juizfederal, integrantes do Ministério Público, ministro enem mesmo os pacientes. Agora, se alguém está, nãosei”, disse o ministro.