Economista da FGV prevê recuperação lenta nas vendas do setor automotivo

06/11/2008 - 14h11

Da Agência Brasil

Brasília - O setor automotivo não vai se recuperar do forte recuo que sofreu nas vendasdeste ano, afirmou hoje (6) o professor de finanças da Fundação Getulio Vargas(FGV), Ricardo Araújo, em entrevista à Rádio Nacional.De acordo com balançodivulgado ontem (5) pela Federação Nacional da Distribuição de VeículosAutomotores (Fenabrave), as vendas de automóveis novos no mês deoutubro registrou uma queda de 13,81% em comparação a setembro.Diante o mesmo período de 2008, ano em que o setor bateu recordes devendas, o recuo foi de 5,7%.O atual quadro se deve à dificuldade de acesso ao crédito, um dos reflexos da aceleração da crise financeira internacional.Araújo disse que, mesmocom a promessa do governo em liberar R$4 bilhões aos bancos dasmontadoras que financiam as vendas, para que esse crédito seja restabelecido, o setor ainda nãosentirá melhoras significativas. "A decisão do governo é correta,embora ela não seja o suficiente para reverter completamente a quedadas vendas dos veículos", analisou.Ele explicou que orecorde de vendas no ano passado se deu justamente pela farta liquidezno mercado e, principalmente, pelo aumento nas parcelas definanciamentos, situação contrária à encontrada no momento. Com aredução nas linhas de crédito, os efeitos já são notados na economiareal.Segundo Araújo, as exportações do setor tambémdevem ser afetadas, mesmo com a taxa de câmbio equilibrada. É que mesmo com a previsãode que a moeda norte-americana feche o final do ano cotada em torno de R$2 a R$2,3, valor quefacilita as exportações, haverá uma tendência de retração no consumo. "O problema é que, em um momento de crise comoagora, as pessoas, de uma maneira geral, vão retrair o consumo. Estaretração do consumo vai reduzir as exportações. Não tenho a menordúvida", previu o especialistas.