Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A crise financeira mundial terá impacto relativamente brando sobre o setor elétrico brasileiro, afirmou hoje (6) o economista Roberto Brandão, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Pela natureza dos recebíveis, dos contratos de longo prazo e dos financiamentos, feitos sobretudo pelo sistema BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), é um setor relativamente pouco afetado pela crise”, avaliou o economista.
Roberto Brandão admitiu, porém, que a crise externa pode levar algumas empresas do setor elétrico a experimentar dificuldades de rolagem de dívida no mercado de capitais, fora do sistema BNDES, por exemplo. “Mas o setor, de uma forma geral, é um dos menos afetados”.
Em conseqüência da crise, Brandão disse que deverá ser registrada uma desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, acompanhada de uma desaceleração do crescimento do consumo de energia. “A gente não está prevendo nenhuma retração econômica e tampouco do consumo de energia. Só uma desaceleração”, explicou.
Ele estimou que poderá haver alguma sobra de energia no mercado livre, em função da desaceleração momentânea de eletro-intensivos, consumidores industriais para os quais os gastos com energia elétrica representam parcela expressiva dos custos de produção.
Brandou previu que os próximos leilões de energia terão uma menor competição e deságios mais baixos. Mas ele descartou a possibilidade de ameaça à realização de leilões. “A gente acredita que os leilões vão sair, ainda que mais caros”.
O economista lembrou que a economia brasileira vinha sendo puxada, até o agravamento da crise, pelo crescimento da demanda interna e não pelo mercado externo.
Ele disse que, com isso, o reflexo da crise financeira internacional no país é a desaceleração do crédito interno e das exportações. “Mas, na nossa avaliação, é uma desaceleração. Não é uma recessão aberta o que vem pela frente”, avaliou.
Não existe também nenhuma previsão, na opinião de Brandão, quanto à perda de empregos no setor elétrico por conta da crise. Para isso contribui o fato do setor ser regulado, além da demanda ser estável.